sábado, 25 de fevereiro de 2012

Deixar-se conduzir ao deserto

Uma Reflexão alusiva ao I Domingo da Quaresma;
Aparentemente onde não há nada nem ninguém está, no entanto, Deus. Ali, onde tudo foge e tudo falta, pode-se ainda viver de fé e experimentar o amor divino! Se, por um lado, o deserto é símbolo de vazio, sede e fome, renúncia de comodidades, por outro lado, ali Deus patenteia-nos uma liberdade desmesurada capaz de nos abrir, um silêncio amplo que permite a escuta, uma luz que desmascara as trevas, uma solidão apta a um encontro… o sair de um mundo para chegar ao coração do mundo, ali onde se encontra Deus. Mas, como Jesus, precisamos de um coração dócil para nos deixar conduzir…

Como a Adão, o pecado faz-nos temer a nudez e a exposição perante a voz de Deus, mas é precisamente a nudez do deserto que nos ajuda a reencontrar o Éden que parecia perdido e o timbre da voz de Deus que nos recria. É ali que aprendemos o abandono da fé, a entrega de toda a vida nas mãos de Deus. É ali, distantes dos caminhos já percorridos, que reaprendemos a viver com a própria humanidade, que reaprendemos a caminhar, ao descobrir que só Ele é a terra prometida.

 (Texto aadaptado))
 Um santo domingo
Ana Colares 

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