quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Quaresma, Quinta-feira depois de Cinzas: arte contemporânea | IMAGENS |
Interrogamo-nos sobre o poder da imagem – ou da obra de arte. Desde o título ao gesto repetido, percebemos a centralidade do apagamento progressivo. Uma espécie de esvaziamento essencial, uma kenosis. A sua obra não ilumina o mundo com luz ilusória e presa às aparências. Coloca a obscuridade, que é o fundamento do mundo, diante dos nossos olhos. Esta enorme escuridão que a obra de arte nos abre, atira o homem para o exílio, para um lugar inóspito, inabitável, inseguro. Deixa-o no deserto, sem ter onde inclinar a cabeça e descansar. A subversão iconoclasta, a afirmação da necessidade permanente de reforma e combater ilusões, é motor de novos princípios. Uma permanente destruição dos ídolos. É assim na arte, é assim na experiência antropológica e religiosa: uma purificação que permita novos começos. Uma austera passagem pela noite, o encontro com o pó e as cinzas.

Bento XVI desbravou «novas dimensões de diálogo estético e ético» e acentuou importância da arte na relação com DeusO escritor e professor universitário Mário Avelar considera que os caminhos abertos por Bento XVI «desbravaram novas dimensões de diálogo estético e, ético, e, também, de entendimento de quão relevante pode ser, hoje em dia, a arte na relação com Deus». A «abertura à alteridade significou uma disponibilidade para entender e acolher os discursos estéticos que têm emergido noutros horizontes culturais, ideológicos mesmo, e de neles identificar inquietações e sintomas que são passíveis de funcionar como, ainda que ténues e pouco perceptíveis, pontes de diálogo e compreensão mútua». Para Mário Avelar o percurso do papa ajuda a compreender que «a experiência contemplativa e meditativa do silêncio perante o inesperado» e o transcendente «pode constituir uma parte do processo de aprendizagem e da própria fruição estética».

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