quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Incêndios

Padre bombeiro revoltado com operacionais tratados como «números»
Sacerdote Manuel Amaral da diocese de Lamego combate fogos e presta assistência espiritual aos colegas bombeiros
Penedono, Viseu, 27 ago 2013 (Ecclesia) - O padre Manuel Amaral, que também é bombeiro, revelou hoje que considera “revoltante” a morte dos que arriscam a vida e que são tratados “como números”.
Quando um colega morre em serviço sente “revolta”: “acredito na ressurreição mas é revoltante porque os bombeiros são homens e mulheres com família, com filhos, como é o caso da bombeira Ana Rita Pereira, uma mãe de 24 anos”, que faleceu em serviço na passada quinta-feira a combater um incêndio na Serra do Caramulo, Concelho de Oliveira do Hospital.
O sacerdote observa que passado “dois ou três dias” os bombeiros já foram esquecidos pela sociedade.
Bombeiro desde 2002, em Penedono, em Viseu, a revolta surge, por considerar que os soldados da paz continuam a “ser tratados como números pelos Governos” e que há “falta de sensibilidade por parte da população” que os critica quando arriscam a própria vida.
“Eu acredito que os bombeiros, neste momento, são mártires como existiram os mártires na Igreja Nascente”, afirma o sacerdote à Agência ECCLESIA.
“O espírito de missão para ajudar e amar o próximo, nos dois serviços, é o mesmo porque reúne a vertente espiritual e física”.
Ser sacerdote e ser bombeiro “abrange o total da pessoa humana” e a vocação religiosa, afirma, ajuda-o “a não ser tão frio na forma de raciocinar” quando está em serviço nos Bombeiros.
Esta segunda-feira, o sacerdote esteve a ajudar a corporação num incêndio na freguesia de Penedono, na localidade de Souto.
Durante um incêndio considera que as populações afetadas também são tratadas como “meros números” quando na realidade está presente “o sofrimento de quem pode perder tudo”.
O sacerdócio ajuda Manuel Amaral a compreender “que as pessoas não são números mas têm coração e preocupações”.
Quando preside a celebrações eucarísticas para bombeiros, o sacerdote procura transmitir que, mesmo que não sejam praticantes estes homens “são dos mais católicos e crentes que existem” porque “ninguém deixa a família e vai para um sítio que onde pode morrer”, desenvolve o sacerdote.
Manuel Amaral é padre desde 2011 na diocese de Lamego e revela que conjugar os dois serviços nem sempre é fácil porque o sacerdócio ocupa grande parte da sua vida.
“Cada vez que tenho tempo livre se puder ajudar os bombeiros não vou descurar esse parâmetro”, acrescentou.
Para o padre Manuel Amaral, ser sacerdote numa corporação de bombeiros “é sempre bom” porque pode ser “prestável” estando disponível para “ouvir os desabafos dos colegas”.
CB/LS

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