quarta-feira, 26 de março de 2014

A beleza, caminho de diálogo com os não crentes
Identifico o primeiro grau de dificuldades no interior da própria Igreja, enquanto comunidade de crentes. Este diálogo suporia que os cristãos fossem capazes de tornar a beleza presente no diálogo entre eles, na sua maneira de interpretar a vida, considerando a plenitude da vida, à qual aspiram, como uma experiência de fé. Identifica-se facilmente a beleza com a arte, sem que se dê conta que pode haver experiências de beleza que nunca foram materializadas em expressão artística. A beleza deveria ser uma experiência contínua na vida do cristão. A Igreja possui um vasto património de arte religiosa, mas ele é considerado sobretudo como um tesouro a preservar, sem se ser capaz de o integrar nas expressões atuais da vida de fé. A Liturgia, fonte principal e viva da beleza cristã, nem sempre o é, e a Teologia é mais influenciada pelo racionalismo científico e pelas ciências humanas do que pela contemplação simples e profunda da harmonia do mistério. A dimensão mística da compreensão da fé pode revelar-se decisiva para fazer da vida uma experiência de beleza. Há um longo caminho a percorrer na Teologia, na pastoral, na linguagem, para tornar os cristãos capazes de fazer da beleza o lugar de um diálogo com os não crentes.

Sem comentários: