quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Portugal: Número de jovens em risco de pobreza é «alarmante» e «surpreendente»

Presidente da Rede Europeia Anti Pobreza Portugal lamenta que a dívida esteja antes das pessoas
Lisboa, 02 set 2014 (Ecclesia) – O presidente da Rede Europeia Anti Pobreza (EAPN) Portugal, padre Jardim Moreira, considerou hoje “surpreendentes” e “alarmantes” os dados do Eurostat que revelam um elevado risco de pobreza para os jovens no país.
“Acho que neste momento a sociedade portuguesa corre graves riscos porque sem os jovens não temos gente nova, capaz e criativa na sociedade, gente a arriscar para a sociedade e eles próprios correm riscos de não constituírem famílias, não termos novas gerações”, disse à Agência ECCLESIA.
A estatística do Eurostat, revelada hoje pelo Jornal de Notícias, mostra que 29,8% dos jovens portugueses entre os 20 e os 24 anos se encontram em risco de pobreza, uma percentagem que acompanha a média da União Europeia (UE) de 31,8%.
O Eurostat divulga também que 31,3% dos jovens entre os 15 e 34 anos não estuda e está desempregado - a média da UE está nos 20,4% - o que para o padre Jardim Moreira “é muito grave” e revela “uma falta de visão e estratégia do bem nacional”.
O presidente da EAPN Portugal alerta que o “primeiro objetivo” não podem ser “apenas económico, apenas pagar a divida” porque as pessoas “são desprezadas em função do dinheiro” o que coloca em risco o modelo de sociedade atual “porque não corresponde ao bem das pessoas”.
O padre Jardim Moreira considera que a estatística em causa é motivo de “muitas preocupações e muitos dilemas a curto e médio prazo”.
Na opinião do sacerdote, aos jovens portugueses também são colocados “alguns riscos sérios” como a “falta de horizonte, a falta de emprego, riscos de permanência na família” ou “problemas de não puderem avançar para o casamento”.
Estas situações podem originar uma “destruturação espiritual” que desmotivam os jovens que se “tornam muitos passivos” ou “desperta uma ânsia de vencer e vencer até fronteiras saindo para o estrangeiro”.
“A sociedade tem como objetivo o lucro e eles não podem entrar no sistema lucrativo, no emprego”, por isso “também não vale a pena estudar porque não garante emprego nenhum”, acrescenta.
O responsável entende que os jovens sentem uma “desmotivação muito profunda” e questionam “esta sociedade que não tem como primeira preocupação o bem efetivo dos seus jovens que vão constituir o futuro do país”.
Para o sacerdote é necessário que os “responsáveis das estruturas da constituição da sociedade portuguesa” e “a sociedade em geral” apoiem os jovens, porque “as causas são estruturais”.
“A pessoa humana e os jovens precisam de respostas locais, mas o seu futuro dependem das estruturas nacionais e deste envolvimento e mudança de organização familiar, social económica do país”, observou o presidente da EAPN Portugal.

CB/OC

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