sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Liberdade Religiosa: Cardeal-patriarca quer ir mais longe para chegar a «verdadeira interculturalidade»

Responsáveis elogiam clima de diálogo e respeito em Portugal

Imagem de arquiva
Lisboa, 09 set 2016 (Ecclesia) - O cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, saudou o início de funções da nova Comissão da Liberdade Religiosa (CLR), que tomou posse esta semana, e desejou que Portugal vá mais longe neste campo, superando a cultura de “guetos”.

“Em Portugal, onde já começamos a ter uma presença significativa de tantos povos, de tantas culturas, também de várias pertenças religiosas, seria bom ter a capacidade de fazer melhor do que foi feito noutros sítios, concretamente substituindo o multiculturalismo de sucessivos guetos, em que cada um vive por si, apenas nos seus meios e com as suas gentes”, disse à Agência ECCLESIA o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

As declarações integram a mais recente edição do Semanário ECCLESIA, publicada hoje, sobre o tema da liberdade religiosa.

A CLR, agora presidida pelo socialista Vera Jardim, iniciou esta segunda-feira um novo mandato, situação que foi assinalada pelo cardeal-patriarca de Lisboa.

“Acompanharei com proximidade os trabalhos da comissão, porque não se trata apenas de garantir no plano legal aquilo que em Portugal está garantido com a Lei da Liberdade Religiosa”, sublinhou D. Manuel Clemente, falando na “afirmação da liberdade de religião como primeira afirmação da liberdade de consciência”.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa deseja que seja possível construir uma “verdadeira interculturalidade”, em que as diversas tradições “se encontrem, se conheçam e reconheçam”, aprendendo umas com as outras e partilhando “aquilo que transportam”.

“Há aqui um desafio pela positiva que passa muito além da garantia jurídica”, acrescentou.

Já o novo presidente da CLR assinala, em declarações à ECCLESIA, que Portugal é um bom exemplo no campo do diálogo entre religiões, que pode ser apresentado a outros países.

“Hoje, estes problemas são difíceis na Europa e no mundo e se tivermos nas reuniões internacionais, nos fóruns, possibilidade de darmos conta da nossa experiência ela é muito positiva, legal e de convívio”, disse José Eduardo Vera Jardim.

O presidente do organismo consultivo do Governo e da Assembleia da República, que retomou o normal funcionalmente após um período de cinco anos sem presidente nomeado, considerou ainda “interessante” a presença das várias comunidades religiosas no serviço público de televisão e rádio em Portugal (Programa ‘Fé dos Homens’, na RTP2 e Antena1).

“É preciso também que estas questões cheguem ao grande público. Os tempos de emissão, as emissões de canais especiais, tudo é positivo”, assinalou.

Vera Jardim sublinha ainda que a existência de um regime concordatário entre o Estado e a Igreja Católica não cria “dificuldade nenhuma”.

“É uma situação que existe noutros países, têm concordata com a Igreja Católica e depois têm leis ou acordos com outras religiões”, observou.

O responsável exemplificou com os dois elementos que foram designados pela Igreja Católica para a CLR, bem como a “mensagem muito simpática” que recebeu na manhã do dia 5 de setembro do cardeal-patriarca de Lisboa.

A tomada de posse da CLR vai estar em destaque na próxima emissão do programa 70x7 (RTP2), este domingo, a partir das 13h30.

HM/CB/OC

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