domingo, 25 de março de 2018

MEDITAÇÃO DIÁRIA Dom, 25 - Domingo de Ramos na Paixão do Senhor - Ano B / Dia da Juventude

Is 50, 4-7 / Slm 21 (22), 8-9.17-20.23-24 / Filip 2, 6-11 / Mc 14, 1 – 15, 47

Estando Jesus em casa de Simão, o Leproso, em Betânia, eis que uma mulher vem e parte um frasco de «perfume de nardo puro de alto preço». Algumas pessoas ali presentes exclamam, indignadas: «Para que foi esse desperdício de perfume? Podia vender-se por mais de duzentos denários e dar o dinheiro aos pobres». Assim começa o Evangelho deste Domingo, que nos narra integralmente a Paixão do Senhor e que abre a Semana Santa.

Na verdade, diante da narrativa da Paixão do Senhor vem-nos naturalmente a pergunta: para quê este desperdício (de amor, de vida)? Não podia o Senhor ter-Se poupado um pouco mais? Porquê este desperdício de uma morte assim? Para quê este excesso na entrega do Senhor? Será que Ele não poderia ter feito isto de maneira diferente?

S. Marcos começa a narrativa da Paixão com esta delicada introdução para nos alertar que só quem se abre a este excesso exagerado de Amor que é o nosso Deus pode ver para além da dor, para além do sofrimento cruento, para além da tragédia e entrar no mistério do Amor de Deus. Jesus, contra as vozes que condenam o ato desta mulher, aparentemente sem sentido e tão caro, aprova sem hesitar o seu gesto delicado, um gesto de amor, um gesto de reconhecimento que só quem ama pode compreender.

No processo da condenação de Jesus vemos a multidão cega e irada que, contrariamente a esta mulher, grita «Crucifica-O». Gritamos: «crucifica-O» àquele que mais não fez do que servir. Deus não procura dominar, não é um poderoso aos nossos olhos. Mete-Se na nossa mão e ajoelha-Se para nos lavar os pés, mas não O reconhecemos. Como é fácil condenar aqueles que servem, como é fácil atacar os humildes.

O Sinédrio, o poder religioso, condenando Jesus por «blasfémia» confirma quem Ele é: «És Tu o Messias, Filho do Deus bendito?», pergunta-Lhe o Sumo Sacerdote. «Eu Sou», responde Jesus. Diante de Pilatos, poder político, confirma a nossa salvação, assumindo-Se como nosso Rei. Aqui aparece Barrabás. Figura inquietante. Porque aparece aqui este homem? Quem é Barrabás? Em hebraico, este nome significa simplesmente «filho do pai». É o nome que se dá aos filhos de pai desconhecido. Filho de ninguém, homicida, preso em cadeias, condenado, sem esperança de ser libertado, à espera da morte. Este é o Homem, imagem de cada um de nós, espelho para cada um de nós. Com o pecado, ignoramos o nosso Pai, esquecemos de quem somos filhos, esquecemo-nos de que somos irmãos e irmãs e, por causa do pecado que nos «obriga» a pensar em nós mesmos, estamos preocupados primeiro com as nossas coisas, com as nossas dificuldades, com os nossos projetos individuais... Pelo pecado, vivemos uns contra os outros, procurando afirmar a nossa razão, presos numa cadeia que nos impede de ser aquilo que o Senhor é e sonha para nós: amor que se exprime no serviço. O pecado que nos impede de servir, que nos aprisiona nos nossos interesses. Assim fechados em nós mesmos, nem percebemos que, condenando os mais frágeis, ignorando-os, estamos, com a nossa vida, a gritar «Barrabás».

... E Jesus dá a vida por Barrabás... Dá a vida por cada um de nós, que ignoramos quem é realmente o nosso Pai. Ele dá a vida para que nos possamos libertar das amarras e das cadeias do pecado que nos impedem de ver o mundo como um lugar de beleza e de amor e nos amarram aos nossos interesses, impedindo-nos de servir os nossos irmãos, impedindo-nos de reconhecer o nosso Pai.

Jesus assume tudo o que somos e toma o nosso lugar na fila da morte para que possamos ser assumidos por Ele e, com Ele, ser recebidos na Vida; para que possamos ser filhos no Filho, reconhecendo em Deus o nosso Pai.

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