quarta-feira, 15 de agosto de 2018

MEDITAÇÃO DIÁRIA Qua, 15 – Assunção da Virgem Santa Maria (Solenidade)

Hoje celebramos a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora. Recordamos o momento em que Maria, a Mãe de Deus, depois de terminada a sua missão terrena, é elevada aos Céus em corpo e alma. 

No Antigo Testamento, podemos encontrar muitas promessas de Deus ao seu Povo. Tal como acontece com Maria, o Senhor prometeu a Sara, mulher de Abraão, que seria mãe (cf. Gen 18). Ela, porque era já idosa e já não podia ter filhos, riu-se da promessa de Deus. Não acreditou. Para ela, Deus não era capaz de dar vida. Talvez acreditasse num deus que simplesmente gozava com ela e que nunca poderia manter a sua promessa. 

Com Maria foi diferente: ela sabia que o Senhor é grande e compassivo. Maria acreditou naquilo que, através do arcanjo Gabriel, Deus lhe anunciou: acreditou no sonho que Deus tinha para si. Maria não sabe o que acontecerá com a sua vida, mas sabe em quem coloca a sua confiança, por isso, diante de sua prima Santa Isabel, canta as maravilhas que o Senhor opera na sua vida. 

Enquanto Sara, mulher de Abraão, está centrada em si mesma e sabe que, tendo em conta a sua idade, é impossível vir a ter filhos, Maria é humilde e, portanto, não põe as suas esperanças em si mesma e nas suas forças, mas na promessa do Senhor. Porque é humilde, está disponível para acolher o dom de Deus. Porque sabe nada merecer, pode receber a graça do Senhor. 

Deus é amor e o amor doa-se. Mas o dom só é verdadeiramente dom para quem não o merece. Se é merecido, não é um dom, mas um prémio. A única coisa que Maria sabe é que o Senhor olhou para ela e a chamou. Ela reconhece a sua incapacidade, mas responde ao Senhor que se faça nela a sua vontade. 

Porque é humilde, isto é, porque não está preocupada consigo mesma, pode afirmar: «De hoje em diante, me chamarão bem-aventurada todas as gerações». Ela sabe que é «bem aventurada» não por méritos especiais que tenha realizado, mas porque Deus pousou sobre ela o seu olhar e porque O recebeu como dom gratuito. De modo algum ela se considerou merecedora de tal dom, não permitiu que dentro de si crescessem os pensamentos de merecimento. 

São assim os dons de Deus. Gratuitos e independentes dos nossos méritos. Quando começamos a pensar: «mas até sou bom cristão e até mereço que o Senhor me faça esta graça», já estamos a corromper o amor, a querer comprar os dons do Senhor, a querer merecer o seu Amor. 

Tal como aconteceu com Maria, os dons de Deus que recebemos na nossa vida empurram-nos para a frente, fazem-nos sair de nós mesmos em direção aos outros. Quem ama e é amado não pode ficar fechado em si mesmo. É assim o Amor! Maria é uma mulher que ama e é amada, descentrada de si própria e aberta às necessidades dos outros. Ao aceitar o projeto de ser a Mãe de Deus, manifesta-se disponível e ao serviço dos que a rodeiam. A glória de Maria vem da sua entrega generosa à lógica do reino de Deus. A Mãe coloca-se ao serviço do Filho, em obediência à vontade do Pai, guiada pela força do Espírito Santo. 

É esta a forma de glorificarmos também a nossa vida, na atenção ao próximo, na gratuidade das relações que se constroem em liberdade, no desinstalar-se dos comodismos que fazem perder a sensibilidade para viver o amor na lógica do dar e receber em sintonia com a pessoa de Jesus. 

Peçamos à bem-aventurada Virgem Maria que interceda por nós junto do seu Filho, para que possamos também participar da glória de Jesus, vivendo cada vez mais, com confiança e entrega generosa, à imagem e semelhança do próprio Deus. 

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