terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

04 de Fevereiro de 2020 - Eutanásia

Cardeal-Patriarca rejeita abordagens de «ânimo leve» e pede aposta em sociedade «paliativa»
“A atitude correta que devemos ter é estar ao lado de quem sofre", referiu D. Manuel Clemente.

O Cardeal-Patriarca de Lisboa disse à Agência Ecclesia que o tema da legalização da eutanásia “não se pode tratar de ânimo leve”, apontando ao debate parlamentar agendado para 20 de fevereiro. “A atitude correta que devemos ter é estar ao lado de quem sofre, para que essa última fase da sua vida – com tudo aquilo que os cuidados paliativos também podem e devem fazer, quando generalizados e aplicados -, seja uma fase positiva”, sustentou D. Manuel Clemente, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).

O presidente da CEP assumiu a intenção de promover uma intervenção “antes, durante e depois” do debate, numa mobilização “até fora do âmbito eclesial”, por considerar que está em causa “a vida, o seu significado, sobretudo quando está mais fragilizada”. “[A despenalização da eutanásia] Pode ser episodicamente aprovada, mas nós cá estamos, como seres humanos, nesta frente comum por uma humanidade melhor”, aponta, lembrando que “esta é uma questão humana, não se deve confinar esta frente pela vida ao âmbito eclesial, porque ela é humanitária e a humanidade diz respeito a todos”.

Para D. Manuel Clemente, a prioridade é que a sociedade seja “toda ela paliativa”, ou seja, uma sociedade “que abriga, que acolhe, que envolve”. “Isto é muito importante, quer no princípio da vida, quer na sua última fase”, indicou.

O Cardeal-Patriarca entende que quem é acompanhado “não quer morrer”. “A vida tem de ser vivida em toda a sua latitude e longitude, ainda antes do nascer, na sua fase embrionária, e na sua fase final. Está é uma questão que, ou se trata na totalidade, ou fica muito maltratada”, defende.

Em 2016, a CEP publicou a Nota Pastoral ‘Eutanásia: o que está em causa? Contributos para um diálogo sereno e humanizador’, na qual os bispos católicos afirmam que “nunca é absolutamente seguro que se respeita a vontade autêntica de uma pessoa que pede a eutanásia”.

Ecclesia

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