domingo, 29 de março de 2020

Dom, 29 – Domingo V da Quaresma – Ano A

A vida depois da morte é um enigma que sempre ocupou a mente humana, um mistério que só a fé em Cristo ressuscitado desvenda em plenitude.

O sacerdote Ezequiel foi um dos deportados para a Babilónia, no ano 597 antes de Cristo. Acompanhou o povo, partilhando a sua sorte trágica, sendo porta-voz de Deus como profeta. Não podia, assim, deixar de ser animador da esperança dos seus concidadãos desterrados e escravizados. Neste contexto de abominação e desolação, proclama, falando em nome de Deus: «Infundirei em vós o meu espírito e revivereis. Hei de fixar-vos na vossa terra e reconhecereis que Eu, o Senhor, digo e faço». Ontem como hoje, o Espírito de Deus anima e oferece vida nova, quando aparentemente só havia que esperar a morte.

S. Paulo, escrevendo aos cristãos de Roma, recorda que, embora o nosso corpo seja mortal, a nossa vida não acaba com a morte física. É que Jesus Cristo, que venceu a morte com a sua ressurreição, também nos há de dar, quando morrermos corporalmente, uma vida nova, que já não conhecerá a morte, mas será eterna. Temos diante de nós um horizonte cheio de esperança na vida nova que Deus nos quer oferecer.

O Evangelho revela-nos o lado humano de Jesus, num clima intensamente afetivo, e também o seu poder divino. As irmãs de Lázaro fazem uma prece, que é modelo de todas as orações que fizermos por pessoas que passam alguma provação ou se encontram enfermas: «Senhor, o teu amigo está doente».

Várias vezes é sublinhada a amizade mútua entre Cristo e as pessoas desta família abençoada: Marta, Maria e Lázaro. Vem repetidamente destacada a capacidade de Jesus sintonizar com o que nos acontece. Assim, S. João nota que Jesus «comoveu-Se profundamente e perturbou-Se... E chorou... intimamente comovido». O que se passa nas nossas vidas, como amigos de Jesus, toca profundamente o seu coração. O que é nosso é assumido por Jesus, afetiva e efetivamente. Jesus não nos trata por «servos» ou membros de um grupo religioso criado por Ele. Perante Jesus, nós somos seus amigos, como nos recordou na última ceia (Jo 15, 15).

Cristo realiza o milagre de fazer voltar à vida na terra o seu amigo Lázaro. É certo que, a seu tempo, Lázaro veio a morrer. Este milagre realizado por Jesus é sinal do seu poder sobre a morte e prenúncio da nossa ressurreição.  

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