Falsa caridade
Somos
nós que pregamos e dizemos que não está certo, que usufruímos todos os
rendimentos das nossas vastas propriedades e os gozamos como pagãos, enquanto à
nossa beira milhares morrem de fome. Somos nós que ocupamos os primeiros lugares
nos templos, que deixamos cair na bandeja uma nota de quinhentos – quando não um
punhado de moedas luzidias por causa do barulho que possam fazer ao cair – que
trazemos nas nossas propriedades os trabalhadores a ganhar um salário miserável,
que, para ser recebido, exige o chapéu nas mãos. Somos nós os filhos da Igreja
que nos servimos dela para tudo o que seja honra e dignidade, fugindo de tudo o
que peça renúncia e sacrifício; somos nós que havemos de ajudar a construir um
mundo novo na medida em que fomos renunciando ao nosso individualismo injusto e
parasita, num desejo profundo de reformarmos os nossos próprios conceitos de
caridade.
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