Dá-nos, depois de tantas palavras o dom do silêncio que purifica e recria.
Dá-nos, depois das insatisfação que travam a alegria como um barco nítido.
Dá-nos, a possibilidade de viver sem pressa, deslumbrados com a surpresa que os dias trazem pela mão.
Dá-nos, a capacidade de viver de olhos abertos, de viver intensamente.
Dá-nos, de novo a graça do canto, do assobio que imita a felicidade aérea dos pássaros, das imagens reencontradas, do riso partilhado.
Dá-nos, a força de impedir que a dura necessidade esmague em nós o desejo e a espuma branca dos sonhos se dissipe.
Faz-nos, peregrinos que no visível escutam a melodia secreta do invisível.
José Tolentino Mendonça
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