CÁ VEM A CHATA.... novamente!
Uma saudação fraterna na paz de Cristo.
Cá estou mais uma vez para partilhar alguns pensamentos que
me vieram à ideia ao ler a liturgia de hoje, XVIII Domingo do Tempo Comum, e
primeiro dia da nova semana, que para muitos será de inicio de férias. Para
quem va,i Boas férias, para quem vem, Bom regresso.
O Evangelho de hoje (Mateus 14,13-21) é conhecido pelo
episódio da "Multiplicação dos Pães", mas ao meditar surge-me pela 1ª
vez (embora já o tivesse lido "milhentas" de vezes) a pergunta:
multiplicação ou divisão e partilha? Não é multiplicar é dividir... dar... acolher...É
este o comportamento do nosso Deus e Salvador!... É este o caminho que Ele nos
propõe! Caminho que contradiz plenamente aquele que os discípulos tiveram, ao
proporem a Jesus que mandasse embora toda a multidão que ali se encontrava,
para que fosse à aldeia mais próxima comprar alimentos.
É este Jesus que sempre me surpreende... Eu retrato-me tal
qual os discípulos! Jesus quer abrir os nossos olhos para podermos ver mais
além... Eu, em que, tantas vezes, só conheço o pensamento do vender e comprar,
do egoísmo (...se dou e se me falta?!), da exclusão (agora não posso..), da
insensibilidade (resolve tu... que é problema teu. Vai chatear outro!).
Revejo, no meu pensamento, alguns momentos da minha vida...
reconheço-me lá em todas estas situações.
Pergunto-me : em que encruzilhada do meu coração me esqueci de Ti, Jesus? Não
me esqueci de Ti, não! Somente, em alguns momentos, não Te abri a porta... o
que ainda é pior! Com consciência, neguei-Te a entrada! Os discípulos e eu...
eles ao pé de Ti escusam-se... e eu também, hoje!
E é assim, que um quarto da humanidade vive em miséria
absoluta, que em cada dia morrem de fome dezenas de milhar de crianças e que
para muitos a água é um bem desconhecido.
Deus, que vestes os lírios dos campos, alimentas os pássaros
do céu, que salvas "os oprimidos" e dás "pão aos que tem
fome" (Isaías 146,7), a quem Maria de Ti disse, no seu canto de louvor:
"aos famintos encheu de bens" ( Lucas 1,53), Tu, Deus, ter-Te-às
esquecido dos teus filhos? Porque é que não ouves a oração de quem Te pede
" o pão nosso de cada dia"?...
Eu bem sei que Tu OUVES, que Tu CUIDAS de cada um de nós,
que sabes o nosso nome e quantos cabelos temos. Tu sabes tudo, Senhor! E também
sabes que eu Te amo, que vou por vezes, resistindo-Te, que tardo na minha
adesão total à Tua Pessoa, por medo, por egoísmo, conforto... por tanta coisa…!
Estamos numa espiral de querer e puder assustador, mas que
pode ser interrompida e... tem a ver com o Homem e os valores que acolhe em seu
coração. Deixaste-nos livres para que isso fosse possível… acolher-Te ou não!
Pai, quiseste-Te servir das minhas mãos para saciar a fome dos meus irmãos.
Confiaste em mim, mas sou eu, e não Tu, que nem sempre ouve os apelos daqueles
que junto a mim vivem...
E é Jesus que nos vem
definitivamente trazer o Teu recado: "Este é o Meu Filho muito
amado."Escutai-O". É este o mistério que se vai descobrindo: Um Deus
feito Homem para connosco caminhar!
Apenas um à parte, no episódio do Evangelho de hoje: O
elevar os olhos ao céu, abençoar e partir o pão distribuindo-o lembra-me a
Última Ceia, ou seja a 1ª Eucaristia. Foi exactamente assim… ontem como hoje na
mesa da Eucaristia o Pão descido dos Céus, Jesus! (a)
O Pão dado e repartido... faz renascer, desintoxica do egoísmo,
gera fraternidade, unidade… faz de nós um POVO que caminha para Deus, Trino de
Amor. E então Ele virá para dar pão a quem tem fome, para suscitar fome do Seu
Amor infinito a quem está saciado apenas do pão do corpo
Quando interpelo Deus, devo interrogar-me primeiro..... não
é Ele que "está surdo", sou eu, sou eu, que não oiço e não quero ver!
(a) NOTA: "Sobraram 12 cestos de pão", diz o autor
do Evangelho. Os doze cestos podem simbolizar os 12 apóstolos, ou seja a nova e
1ª comunidade formada por Jesus e que chega até nós pela multiplicação de
crentes? Se simbolizam, Jesus entregou as cestas com pão aos apóstolos para
eles distribuírem, assim, é o Pão de Jesus, ou seja, o próprio Jesus, que
continua a saciar a fome às pessoas de todos os tempos e lugares.
Compreendo que escrevi demais, vou por isso terminar.
Um abraço, ana saldanha (elemento da Equipa Casais Stª
Maria/Colares)