sexta-feira, 4 de julho de 2014

14º domingo comum – Ano A

Evangelho - Mt 11,25-30
Comentário breve

Este texto integra a secção na qual Mateus analisa as reacções e as atitudes que as várias pessoas e grupos tomam frente a Jesus e à sua proposta de “Reino”.

Nesta passagem Jesus manifesta-Se convicto de qua a proposta rejeitada pelos arrogantes e poderosos encontra acolhimento entre os pobres e marginalizados, desiludidos com a religião “oficial” e que anseiam pela libertação que Deus tem para lhes oferecer.
Jesus profere três sentenças (ditos):
1º – Na oração, Jesus louva o Pai porque escondeu “estas coisas” aos “sábios e inteligentes” e as revelou aos “pequeninos”.
Os “sábios e inteligentes” são certamente esses “fariseus” e “doutores da Lei”, que absolutizavam a Lei, que se consideravam justos e dignos de salvação porque cumpriam escrupulosamente a Lei, que não estavam dispostos a deixar pôr em causa esse sistema religioso em que se tinham instalado e que – na sua perspectiva – lhes garantia automaticamente a salvação.
Os “pequeninos” são os discípulos, os primeiros a responder positivamente à oferta do “Reino”; e são também esses pobres e marginalizados (os doentes, os publicanos, as mulheres de má vida, o “povo da terra”) que Jesus encontrava todos os dias pelos caminhos da Galileia, considerados malditos pela Lei, mas que acolhiam, com alegria e entusiasmo, a proposta libertadora de Jesus.

2ª – Ligada à anterior, explica o que é que foi escondido aos “sábios e inteligentes” e revelado aos “pequeninos”. 
Trata-se, nem mais nem menos, do “conhecimento” (uma “experiência profunda e íntima”) de Deus.Os “sábios e inteligentes” (fariseus e doutores da Lei) estavam convencidos de que o conhecimento da Lei lhes dava o conhecimento de Deus. 
Jesus deixa claro que quem quiser fazer uma experiência profunda e íntima de Deus tem de aceitar Jesus e segui-l’O. Ele é “o Filho” e só Ele tem uma experiência profunda de intimidade e de comunhão com o Pai. Quem rejeitar Jesus não poderá “conhecer” Deus: quando muito, encontrará imagens distorcidas de Deus e aplicá-las-á depois para julgar o mundo e os homens. Mas quem aceitar Jesus e O seguir, aprenderá a viver em comunhão com Deus, na obediência total aos seus projectos e na aceitação incondicional dos seus planos.

3ª – Um convite a ir ao encontro de Jesus e a aceitar a sua proposta: “vinde a Mim”; “tomai sobre vós o meu jugo…”
A Lei, pesado jugo, aprisionava, em vez de libertar, e afastava os homens de Deus, em lugar de os conduzir para a comunhão com Deus.
Jesus veio libertar o homem da escravidão da Lei. A sua proposta de libertação plena dirige-se aos doentes (na perspectiva da teologia oficial, vítimas de um castigo de Deus), aos pecadores (os publicanos, as mulheres de má vida, todos aqueles que tinham publicamente comportamentos política, social ou religiosamente incorrectos), ao povo simples do país (que, pela dureza da vida que levava, não podia cumprir escrupulosamente todos os ritos da Lei), a todos aqueles que a Lei exclui e amaldiçoa. 
A garantia é que Deus não exclui nem amaldiçoa e convida a integrar o mundo novo do “Reino”. 
É nessa nova dinâmica proposta por Jesus que eles encontrarão a alegria e a felicidade que a Lei recusa dar-lhes.
Acolhendo a proposta de Jesus e seguindo-O, os pobres e oprimidos encontrarão o Pai, tornar-se-ão “filhos de Deus” e descobrirão a vida plena, a salvação definitiva, a felicidade total.

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