At 14, 21-27 / Slm 144, 8-13ab / Ap 21, 1-5a / Jo 13, 31-35
Nos Atos dos Apóstolos encontramos Paulo e Barnabé organizando e fortalecendo as comunidades cristãs que fundavam. Só como membros de uma comunidade é que somos a Igreja de Cristo e não cada um pelo seu lado, num piedoso individualismo. Como afirma S. Cipriano de Cartago, já no século III, «um cristão só não é cristão». Uma fé individualista é infiel a Cristo que fundou a Igreja para vivermos inseridos numa comunidade.
Os apóstolos, com realismo, assim exortavam os cristãos: «Temos de sofrer muitas tribulações para entrarmos no reino de Deus». O caminho de sentido único do cristão é assumir a própria cruz, de abnegação e serviço, como instrumento de salvação. As pessoas não são felizes por terem uma vida fácil. São verdadeiramente felizes quando vivem a dar-se, talvez com grande sacrifício, por amor.
O apóstolo João, no Apocalipse, apresenta uma mensagem de alegria e esperança aos cristãos, em tempo de perseguição, para que não se deixem desanimar pelo triunfo do mal aparentemente imparável. Só Deus é o Senhor do mundo e da história que, a seu tempo, fará desaparecer a dor, as lágrimas e o luto.
S. João aponta-nos na direção de «um novo céu e uma nova terra», que estão para chegar. O termo «novo» aparece muitas vezes na Bíblia: 347 vezes no Antigo Testamento e 44 no Novo Testamento. Quer isto dizer que a intervenção de Deus na história humana é algo de surpreendente e inimaginável, exigindo uma mudança radical: passarmos a ser de Deus, parte do seu povo, com um coração e um espírito novo.
No discurso da última ceia, Jesus, em jeito de testamento, oferece uma lembrança aos seus seguidores. Não se trata de ouro nem prata, ou o poder de fazer milagres. Dá-nos o mandamento do amor, que faz outro tipo de milagres, que são de bondade, misericórdia e ajuda.
«Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros». Mandamento não significa imposição drástica, mas uma recomendação amiga para nosso bem. Tal como o médico diz, com estima, ao doente que não fume ou que faça certo tipo de dieta, pensando no seu maior bem e não na própria autoridade de doutor.
A originalidade do mandamento novo de Cristo consiste no modo como devemos amar: «Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros». Fica claro que não nos é pedido que amemos de um modo qualquer, por mais boa vontade que tenhamos. O verbo amar tem de ser conjugado ao modo de Jesus. Em qualquer situação, devo perguntar-me: é deste modo que Jesus, no meu lugar, amaria?
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