domingo, 26 de maio de 2019

MEDITAÇÃO DIÁRIA Dom, 26 – Domingo VI da Páscoa – Ano C

At 15, 1-2.22-29 / Slm 66 (67), 2-3.5-6.8 / Ap 21, 10-14.22-23 / Jo 14, 23-29

A presente passagem dos Atos dos Apóstolos tem em conta o seguinte problema: os hebreus que se tinham convertido ao Cristianismo achavam que os pagãos que desejavam ser cristãos deveriam ser obrigados a assumir a cultura judaica, os minuciosos preceitos da lei contida nos livros do Antigo Testamento. Mas os pagãos insistiam que queriam ser cristãos e manter a sua própria cultura e tradições. Tratava-se de uma conversão à fé em Cristo e não à cultura dos judeus. Entre os apóstolos também havia diversidade de opiniões. Assim se convocou o chamado Concílio de Jerusalém, pelo ano 50, para dirimir esta questão. A conclusão desta reunião apostólica é o modelo de todos os discernimentos, de qualquer exercício em que se procura a vontade de Deus: «o Espírito Santo e nós decidimos não vos impor mais obrigações além das que são indispensáveis». Portanto, respeitando a cultura de qualquer pessoa que se queira converter à boa nova de Jesus. Mas trata-se de uma decisão que não é fruto de mera reflexão, mas da abertura orante à vontade de Deus. Por isso se sublinha que a decisão é tomada em parceria com o Espírito Santo: «O Espírito Santo e nós decidimos».

O livro do Apocalipse é escrito num tempo de perseguição às comunidades cristãs. O seu autor, S. João, conforta e anima os cristãos com esta visão do fim dos tempos, em que ficarão a morar numa esplêndida cidade, a nova Jerusalém, em que já não haverá nenhum templo, «porque o seu Templo é o Senhor Deus omnipotente». Esta visão conforta-nos também hoje, a fim de termos coragem para ultrapassar as dificuldades e oposições a vivermos como cristãos no meio do mundo.

Destaco no Evangelho a maravilhosa relação das pessoas da Santíssima Trindade, sendo as três igualmente eternas e omnipotentes: Pai, Filho e Espírito Santo. Jesus, o Filho de Deus encarnado, recorda que o que disse aos discípulos procede do Pai, é da sua autoria, declarando-Se Ele como simples porta-voz, dando-Lhe a primazia: «o Pai é maior do que Eu». Jesus declara ainda que a sua obra fica incompleta, mas que o Espírito Santo «vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que vos disse». É uma declaração admirável da comunhão de amor das pessoas em Deus, sem o mínimo de ciúme ou inveja. Vivem na entrega e no serviço mútuo de amor sumamente puro. Na Santíssima Trindade temos o modelo perfeito de como nos devemos relacionar na família e em qualquer grupo ou comunidade.

Vemos como Jesus, ao partir deste mundo, nos deixa uma herança de paz: «Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como a dá o mundo». Quando Jesus faz esta afirmação, o Império Romano, do qual fazia parte Israel, estava em paz, mas era uma paz baseada na força do exército imperial, na opressão dos vencidos. A paz que Jesus nos oferece é fruto do amor desinteressado, do serviço generoso. 

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