Homilia no 1º Domingo do Advento
Ordenações de Diáconos
Mosteiro dos Jerónimos, 29 de Novembro de 2009
1. O Advento é, espiritual e culturalmente, tempo de esperança, de anúncio da esperança. Mais uma vez a Igreja, através da Liturgia e da Palavra de Deus que ilumina toda a realidade humana, vai anunciar a esperança. E a nossa sociedade bem precisa desse anúncio, para reencontrar o sentido da vida e da sua identidade cultural. A crise económica e as dificuldades reais, por vezes dramáticas, sentidas hoje por muitos portugueses, desloca facilmente os objectivos da esperança; a sensação, veiculada pela comunicação social, da corrupção generalizada, mina a confiança na sociedade e faz brotar um clamor profundo pela justiça; a discussão pública, agora em curso, sobre possíveis decisões que ferem a dignidade da família, na sua base antropológica e na sua solidez institucional leva a substituir as posições solidamente assentes em valores perenes de ordem espiritual e moral, pelo calor apaixonado da discussão. Tudo isto leva a interrogar-nos sobre o modo de anunciar a esperança aos portugueses, perceber o que esperam, ou seja, quais são os conteúdos da esperança. Segundo a Palavra de Deus, a natureza profunda da esperança é esperar por alguém, que promova a justiça, nos sirva com generosidade, seja o obreiro de uma sociedade mais justa e mais fraterna. Em termos bíblicos, leva-nos a esperar um Salvador.
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