À procura do Rosto de Deus
1. O início do Evangelho de São João, que agora escutámos, resume bem o que significa para o homem esta ousadia do amor de Deus, que foi fazer-se Homem. “A Deus nunca ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer” (Jo. 1,18). Está explicado o motivo de Deus para a encarnação do seu Verbo eterno: para que o homem O pudesse conhecer, pudesse ver o Seu rosto. Ver o rosto de Deus, conhecê-l’O face a face, foi um anseio profundo dos crentes de Israel. Moisés, o homem de Deus, com quem Deus falava como um amigo fala ao seu amigo (cf. Ex. 33,11), no alto do Sinai, ousa pedir: “Senhor, deixa-me ver o Teu rosto” (Ex. 33,18).
Este desejo brota da fé de Israel. Só se deseja conhecer o rosto de um amigo, de alguém que sentimos perto de nós. O crente de Israel sofre a tensão de uma dupla experiência: a certeza de que Deus está presente, interessa-se pelo Povo, nas maravilhas que realiza em seu favor, é um Deus que deseja intimidade; mas, por outro lado, Ele é um mistério difícil de alcançar, o que leva o Salmista a exclamar: “Tu és, na verdade, um Deus escondido” (Is. 45,15). Tudo isto faz ressaltar o dom inaudito da Encarnação: em Jesus Cristo pode contemplar-se o rosto de Deus. Ele é a derradeira atitude de Deus para se tornar próximo e se dar a conhecer ao Seu Povo, Ele que “muitas vezes e de muitos modos falou antigamente aos nossos pais, pelos profetas e que, nestes dias que são os últimos, nos falou por Seu Filho” (He. 1,1ss).
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