Uma Reflexão alusiva ao I Domingo da Quaresma;
Aparentemente onde não
há nada nem ninguém está, no entanto, Deus. Ali, onde tudo foge e tudo falta,
pode-se ainda viver de fé e experimentar o amor divino! Se, por um lado, o
deserto é símbolo de vazio, sede e fome, renúncia de comodidades, por outro
lado, ali Deus patenteia-nos uma liberdade desmesurada capaz de nos abrir, um
silêncio amplo que permite a escuta, uma luz que desmascara as trevas, uma
solidão apta a um encontro… o sair de um mundo para chegar ao coração do mundo,
ali onde se encontra Deus. Mas, como Jesus, precisamos de um coração dócil para
nos deixar conduzir…
Como a Adão, o pecado
faz-nos temer a nudez e a exposição perante a voz de Deus, mas é precisamente a
nudez do deserto que nos ajuda a reencontrar o Éden que parecia perdido e o
timbre da voz de Deus que nos recria. É ali que aprendemos o abandono da fé, a
entrega de toda a vida nas mãos de Deus. É ali, distantes dos caminhos já
percorridos, que reaprendemos a viver com a própria humanidade, que reaprendemos
a caminhar, ao descobrir que só Ele é a terra prometida.
(Texto aadaptado))
Um santo domingo
Ana Colares
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