Para quem a quiser ouvir, a vida lança-nos o desafio (a
sugestão, a prece) de um amor sem posse. Não é o que sabíamos o mais importante,
mas o que vamos sabendo. Não é o conhecimento armazenado de um dia que nos pode
servir de mapa, mas a meditação do acontecer. Somos convocados para peregrinar,
para aferir a profundidade no movimento, para vislumbrar através da incessante
deslocação aquilo que permanece. O nosso olhar nem sempre aceita que é pobre,
mas quando aceita, percebe finalmente aquilo que está dito num verso de Rainer
Maria Rilke e em tantos outros lugares: «A pobreza é um grande brilho que vem de
dentro…».
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