Venerado Irmão
D. MANUEL CLEMENTE
Cardeal Patriarca de Lisboa
No próximo dia 8 de dezembro, solenidade de Nossa Senhora da Conceição, terá lugar o encerramento do Sínodo Diocesano dessa amada Igreja local, promovido na passagem dos 300 anos da sua qualificação «patriarcal» recebida do meu antecessor Clemente XI, a 7 de novembro de 1716, em atenção ao assinalável esforço missionário que, de Lisboa, fizera irradiar a Boa Nova de Jesus pelas cinco partidas do mundo.
E permanece viva, como comprova o presente Sínodo, a vossa decisão de prosseguir neste caminho ao encontro de todas as pessoas e situações que esperam o anúncio do Evangelho de Cristo. Disseste-me, venerado Irmão, que a caminhada sinodal envolveu milhares de fiéis do Patriarcado, que estudaram e rezaram os sucessivos capítulos da Exortação Apostólica Evangelii gaudium, compartilhando comigo «o sonho missionário de chegar a todos» (n. 31). Obrigado pela alegria que me dais! Que as vossas comunidades se abram cada vez mais a fim de «alcançar a todas as pessoas que vivem no seu território, para que chegue a todas a carícia de Deus através do testemunho dos crentes. Este é o tempo da misericórdia» (Carta ap. Misericordia et misera, 21), que nos impele a trabalhar para restituir dignidade a todos esses nossos irmãos e irmãs, chamados connosco a contruir uma cidade fiável (cf. Ibid., 18).
Na Sagrada Escritura, fala-se duma cidade luminosa colocada sobre o monte que a tradição aplicou à Igreja (cf. Mt 5, 14; Ap 21, 10-11.23-24) advertindo, porém, a seus filhos e filhas de que só poderão irradiar a luz de Deus, se acolherem em si mesmos a pessoa do Senhor ressuscitado, procurando transfigurar-se n’Ele num contínuo e perseverante caminho de verdadeira conversão. Que o Senhor encha da sua graça quantos trabalharam para o Sínodo e agora se vão empenhar para que dele nasçam e amadureçam abundantes frutos do Espírito Santo! Na hora da aplicação das decisões sinodais que espelham o rosto e o coração do Patriarcado latino de Lisboa, ao deparar-vos com as limitações humanas e as dificuldades que sempre aparecem, nunca percais de vista a promessa que o Senhor vos fez: «Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos» (Mt 28, 20).
Queridos irmãos e irmãs da Igreja de Deus que está em Lisboa, à cabeça da vossa peregrinação no tempo rumo ao futuro de Deus colocai a Imaculada Virgem Mãe, pois ninguém soube como Ela anunciar Cristo ao mundo: não Se limitou a dizê-lo, mas deu-O. Que Ela, o padroeiro São Vicente, Santo António e todos os outros Santos e Santas que, através dos séculos, tornaram fecundo o caminho dessa amada Igreja local, vos guiem e sustentem com o seu exemplo e a sua intercessão. E não vos esqueçais de rezar por mim, como eu rezo por vós. Como prova da minha estima fraterna, a todos concedo a implorada Bênção Apostólica.
Vaticano, 29 de novembro de 2016.
FRANCISCUS
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