domingo, 8 de setembro de 2019

MEDITAÇÃO DIÁRIA Dom, 8 – Domingo XXIII do Tempo Comum – Ano C

Sb 9, 13-19 / Slm 89 (90), 3-6.12-14.17 / Flm 9b-10.12-17 / Lc 14, 25-33

O Livro da Sabedoria aconselha-nos a evitar a pretensão de nos julgarmos mais sábios do que Deus, dando-Lhe conselhos para bem governar o universo. Só a humildade nos torna verdadeiramente sábios e grandes. Um autor afirma que «o crente de joelhos vê mais que o filósofo em bicos de pés». A fé é uma grande amiga da inteligência, que nos leva a aceitar os mistérios de Deus. O Padre Karl Rahner recorda que devemos evitar cair na tentação de pretendermos ser secretários de Deus, de sermos seus conselheiros e conhecedores da sua agenda.

S. Paulo escreve esta carta a Filémon, rico comerciante de Colossos, que converteu a Cristo, invocando um original título: «Caríssimo: Eu, Paulo, prisioneiro por amor de Cristo Jesus, rogo-te por este meu filho, Onésimo, que eu gerei na prisão». Onésimo era um escravo que fugiu do seu senhor e veio a ser metido na mesma prisão, tendo-se convertido e sido batizado por Paulo. Paulo intercede junto de Filémon para que o receba, não já como escravo, mas «como irmão muito querido». É um texto que demonstra a imensa ternura do coração de Paulo e o poder de fraternização da nossa fé: um senhor e um escravo podem ser realmente irmãos em Cristo.

O Evangelho apresenta-nos Cristo a propor radicalidade total a quem quiser ser seu discípulo. Nada de meias-medidas, de generosidades a conta-gotas, de estilos medíocres de ser cristão. É preciso assumir a cruz de cada dia, com realismo. É necessário amar a Deus como prioridade absoluta, para nesse amor amar toda a gente. Importa renunciar a todos os bens, desapegando o coração de tudo o que nos tira a liberdade, para aderir em cheio ao verdadeiro tesouro que é Cristo, nosso «caminho, verdade e vida».

A nossa adesão a Cristo não pode ser uma opção de amor romântico, um belo sonho desligado da realidade. Tem de ser um ideal realista, prático e exequível. Para ilustrar esta ideia, Jesus conta duas parábolas. A do proprietário que deseja construir uma torre para melhor guardar os seus campos e que, prudencialmente, faz contas para avaliar se pode concluir a torre. E a parábola do rei que planeia uma campanha militar contra um reino adverso. Para poder ter êxito, informa-se se tem soldados na certa proporção para alcançar a vitória. Ou seja, a vida de seguimento de Jesus, que é um ideal de vida admirável, precisa de uma boa dose de realismo, a fim de que querer seja de verdade poder.

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