Is 58, 7-10 / Slm 111 (112), 4-9 / 1 Cor 2, 1-5 / Mt 5, 13-16
O profeta Isaías, no século V antes de Cristo, exorta o povo regressado do exílio na Babilónia a praticar «obras de misericórdia». O exercício concreto da caridade é a expressão visível da fé no Deus verdadeiro, que realiza connosco uma história de salvação. Acreditar em Deus tem de significar amar o pobre e o indigente, consolar os tristes, socorrer os desamparados, praticar a justiça. Quem assim põe em prática a sua fé é escutado por Deus e a sua vida é uma candeia acesa que «brilhará na escuridão e a tua noite será como o meio dia».
O apóstolo Paulo apresenta-se aos cristãos da cidade de Corinto com toda a simplicidade. Não exibe os seus títulos e qualidades, como cidadão romano e formado em excelente escola de Jerusalém, mas mostra que a força da sua pregação se baseia na fé em Jesus Cristo, que ofereceu a sua vida por nós na cruz. Cristo, sendo Deus omnipotente, não ostentou a sua grandeza como os personagens importantes deste mundo, mas fez-Se servo de todos. Esta é a justa atitude com que nos devemos apresentar aos outros: não como senhores, mas como servidores; não no pedestal da nossa importância, mas como próximos e amigos.
Cristo exorta-nos a ser sal que dá sabor à vida, ao convívio humano. Quando uma conversa é banal e até desagradável, dizemos que é «insonsa». A nossa presença e ação, os nossos encontros e convívios devem ter o sabor da caridade, do amor fraterno inspirado por Cristo. Assim exorta S. Paulo os cristãos numa sua carta: «A vossa palavra seja sempre amável, temperada de sal» (Cl 4, 6). Amabilidade não permissiva, mas que crie exigência. Por isso, assim afirma o Santo Cura d’Ars: «O bom Deus pediu-nos para sermos sal e não mel». O cristão não pode ser «insípido», mas deve ter sempre o sabor de Cristo, em pensamentos, palavras e atos, sem omissões.
O sal tem também a qualidade de conservar os alimentos, de não deixar que se corrompam. A imagem que Cristo usa alerta-nos para a coerência de vida, para a virtude da honestidade de quem não se deixa corromper e disso dá testemunho ao seu redor.
Cristo definiu-Se a Si mesmo como «a luz do mundo». Sem esta luz essencial, a escuridão da noite nos invade, desorientando-nos. Tudo passa a ser diferente, triste e inseguro. O cristão é aquele que se deixa iluminar pelo «sol da justiça», abandonando os caminhos das trevas do egoísmo, do pecado. É natural que Cristo nos peça para sermos a «luz do mundo» e disso darmos claro testemunho: «Assim deve brilhar a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos céus». Ser cristão é ser testemunha da luz de Cristo, criando um ambiente de confiança, amabilidade e segurança.
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