Is 5, 1-7 / Slm 79 (80), 9.12-16.19-20 / Filip 4, 6-9 / Mt 21, 33-43
O profeta Isaías descreve Deus como o agricultor que trata com toda a solicitude a sua vinha, que é o povo de Israel. A este amor, que não se poupa a trabalhos e canseiras, a vinha responde com a ingratidão, não produzindo uvas. Então, Deus abandona à sua sorte aquele campo, que passa a ser um terreno de silvas e espinheiros. É a imagem que o autor sagrado usa para falar dos acontecimentos históricos: a infidelidade de Israel foi a porta aberta para a invasão de povos estrangeiros, como os Assírios e Babilónios, que conquistaram e escravizaram Israel.
A profecia de Isaías é também um aviso para nós hoje. Virar as costas a Deus, sendo aparentemente um ato de liberdade, acaba por nos reduzir à esterilidade, não dando frutos de boas obras e deixando-nos escravizar pelos vícios que nos invadem e subjugam.
A mensagem de Paulo é de profundo humanismo. Quem adere a Cristo, de alma e coração, encontra a verdadeira paz, pois sabe ultrapassar as inquietações e preocupações. Rezar é encontrar a «paz de Deus», que nos pacifica e nos converte em pacificadores.
O apóstolo Paulo apresenta uma lista de virtudes humanas que facilitam as nossas relações mútuas e credibilizam o nosso testemunho de cristãos: amabilidade, retidão, pureza de vida, bom nome, honestidade. A fé em Deus precisa de um suporte humano de qualidade.
No Evangelho, Jesus usa também a imagem da vinha. O proprietário é Deus que delega o seu cultivo a uns vinhateiros de Israel, que se mostram irresponsáveis. Talvez nada tenham feito para que a vinha produzisse os esperados frutos, esbanjando o tempo em vícios e ociosidade. Os servos que o Senhor faz chegar aos vinhateiros podem considerar-se os profetas que Deus enviou ao seu amado povo. Os maus-tratos infligidos aos servos não fazem desistir o amor de Deus, que lhes envia o seu próprio filho, Jesus Cristo. Mas os arrendatários julgam que é a ocasião de passarem a proprietários, matando o filho herdeiro.
Esta é a parábola da revolta do homem contra Deus, é a imagem de todo o pecado, em que se absolutiza uma paixão para destronar a Deus. A felicidade está em assumir o nosso verdadeiro papel, que é de administradores honestos e responsáveis, aceitando o verdadeiro e ideal proprietário. «Servir a Deus é reinar».
Neste dia 4 de outubro, recordamos a figura ímpar de São Francisco de Assis. Filho de um rico comerciante, com radicalidade renunciou a tudo, aderindo à mãe pobreza por amor de Cristo. Como nos recorda o Papa atual, que assumiu o seu nome, na encíclica sobre ecologia: Francisco «manifestou uma atenção particular pela criação de Deus e pelos mais pobres e abandonados. Amava e era amado pela sua alegria, a sua dedicação generosa, o seu coração universal. Era um místico e um peregrino que vivia com simplicidade e numa maravilhosa harmonia com Deus, com os outros, com a natureza e consigo mesmo».