Quando poderemos dizer que é Natal?
Quando os preparativos todos se
avizinharem do fim
segundo o mapa que nós próprios estabelecemos ou quando nos acharmos pequenos e impreparados, à espera do que vai chegar? Quando, seguras de si, as mãos se fecharem sobre tarefas e embrulhos ou quando se declararem simplesmente disponíveis para a reinvenção da partilha e do dom? Quando poderemos dizer que é Natal? Quando os símbolos nos saciarem com o seu tilintar encantado ou quando aceitarmos que tão só eles ampliem o tamanho da nossa sede? Quando nos satisfizer o vento que sopra de feição ou quando avançarmos entre contrários provados pela aspereza e pelo silêncio unicamente movidos por uma confiança maior? Quando poderemos dizer que é Natal? Quando a fronteira do calendário ritualmente nos disser ou quando, hoje e aqui, o nosso coração ousar? José Tolentino Mendonça |
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