Fé na Encarnação
A celebração do Natal, como todas
as grandes festas da Igreja, é a celebração do mistério do amor de Deus por nós.
De facto ninguém pode dizer “Deus fez-se homem”, a não ser que, dentro dele, o
Espírito sugira esse acto de fé. Por isso, quando celebramos uma grande festa,
a nossa atitude deve ser sempre de impotente humildade, reconhecendo que nunca
é por qualquer poder nosso que podemos progredir um só passo na nossa
compreensão das coisas de Deus. É um dom e um dom pelo qual devemos pedir
seriamente, sinceramente, constantemente.
Se não cremos, ficamos nas trevas
e as trevas fazem medo e amargura. Se não cremos, perdemos o verdadeiro
significado da vida e o futuro não tem esperança.
Como vemos, por exemplo, a nossa
celebração da época do Natal? Qual é a nossa crença? Percorremos o nosso
caminho e ajoelhamos junto do presépio e dizemos “sim, Deus fez-se homem em
Jesus Cristo?” Pois é isso que celebramos na noite do Natal: isso e nada mais.
Crer, ter fé no facto de que Deus se fez homem não é caminhar na dúvida e na
ilusão, é avançar no mundo de Deus e por isso na realidade. A própria entrada
de Deus no nosso mundo é o momento e o significado pelos quais entramos no
próprio mundo de Deus.
Sem essa firme crença na
Encarnação, não pode haver nunca verdadeira paz, verdadeira alegria, verdadeira
esperança e boa vontade entre as pessoas. Talvez que uma das grandes
dificuldades da nossa época moderna, e para muitos cristãos também, seja o
facto de somente semi-acreditarmos, semi-duvidarmos. Não fazemos a nossa
caminhada dizendo, com convicção: “Eu creio”.
O acto de fé, a nossa capacidade
para o praticar, é um dom de Deus que temos de suplicar e isso exige uma
humildade espiritual que não é característica do homem contemporâneo.
Que neste ano da fé, que o Papa
nos convida a viver seja uma oportunidade de redescobrir-mos e aprofundar-mos o
dom da Encarnação de Deus na história humana. Que o exemplo de fé de Maria e
José nos leve a acolher Jesus Menino com muita simplicidade mas também como
muita alegria e esperança. A todos os que nos visitam nesta página da paróquia
de Colares e a todos os que colaboram neste blog um Santo e Feliz Natal.
Pe.
José António Rebelo da Silva.
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