Um
bom indício do modo como nos relacionamos com Portugal são as nossas
autofigurações, as feitas e as por fazer. Quanto às feitas, reparemos em duas,
uma popular e outra erudita. A popular é certamente o Zé Povinho. Desde que
Bordalo a pintou, foi constantemente reproduzida e encontramo-la em todo o lado.
Mas que significa ao certo? Ignorância ou esperteza? De tudo um pouco, como se
tem dito e escrito, em análises rápidas ou de maior fôlego. A erudita
encontra-se nos painéis de Nuno Gonçalves. Quando foram, também eles,
«descobertos», logo atraíram como um íman uma atenção crescente e vivaz. Passou
um século e continuam a olhar-nos, com aquelas dezenas de olhos que nos
perscrutam e avisam, não sabemos bem de quê.
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