segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Partilha

CÁ VEM A CHATA.... novamente!
Uma saudação fraterna na paz de Cristo.
Cá estou mais uma vez para partilhar alguns pensamentos que me vieram à ideia ao ler a liturgia de hoje, XVIII Domingo do Tempo Comum, e primeiro dia da nova semana, que para muitos será de inicio de férias. Para quem va,i Boas férias, para quem vem, Bom regresso.
O Evangelho de hoje (Mateus 14,13-21) é conhecido pelo episódio da "Multiplicação dos Pães", mas ao meditar surge-me pela 1ª vez (embora já o tivesse lido "milhentas" de vezes) a pergunta: multiplicação ou divisão e partilha? Não é multiplicar é dividir... dar... acolher...É este o comportamento do nosso Deus e Salvador!... É este o caminho que Ele nos propõe! Caminho que contradiz plenamente aquele que os discípulos tiveram, ao proporem a Jesus que mandasse embora toda a multidão que ali se encontrava, para que fosse à aldeia mais próxima comprar alimentos.
É este Jesus que sempre me surpreende... Eu retrato-me tal qual os discípulos! Jesus quer abrir os nossos olhos para podermos ver mais além... Eu, em que, tantas vezes, só conheço o pensamento do vender e comprar, do egoísmo (...se dou e se me falta?!), da exclusão (agora não posso..), da insensibilidade (resolve tu... que é problema teu. Vai chatear outro!).
Revejo, no meu pensamento, alguns momentos da minha vida... reconheço-me lá  em todas estas situações. Pergunto-me : em que encruzilhada do meu coração me esqueci de Ti, Jesus? Não me esqueci de Ti, não! Somente, em alguns momentos, não Te abri a porta... o que ainda é pior! Com consciência, neguei-Te a entrada! Os discípulos e eu... eles ao pé de Ti escusam-se... e eu também, hoje!
E é assim, que um quarto da humanidade vive em miséria absoluta, que em cada dia morrem de fome dezenas de milhar de crianças e que para muitos a água é um bem desconhecido.
Deus, que vestes os lírios dos campos, alimentas os pássaros do céu, que salvas "os oprimidos" e dás "pão aos que tem fome" (Isaías 146,7), a quem Maria de Ti disse, no seu canto de louvor: "aos famintos encheu de bens" ( Lucas 1,53), Tu, Deus, ter-Te-às esquecido dos teus filhos? Porque é que não ouves a oração de quem Te pede " o pão nosso de cada dia"?...
Eu bem sei que Tu OUVES, que Tu CUIDAS de cada um de nós, que sabes o nosso nome e quantos cabelos temos. Tu sabes tudo, Senhor! E também sabes que eu Te amo, que vou por vezes, resistindo-Te, que tardo na minha adesão total à Tua Pessoa, por medo, por egoísmo, conforto... por tanta coisa…!
Estamos numa espiral de querer e puder assustador, mas que pode ser interrompida e... tem a ver com o Homem e os valores que acolhe em seu coração. Deixaste-nos livres para que isso fosse possível… acolher-Te ou não! Pai, quiseste-Te servir das minhas mãos para saciar a fome dos meus irmãos. Confiaste em mim, mas sou eu, e não Tu, que nem sempre ouve os apelos daqueles que junto a mim vivem...
 E é Jesus que nos vem definitivamente trazer o Teu recado: "Este é o Meu Filho muito amado."Escutai-O". É este o mistério que se vai descobrindo: Um Deus feito Homem para connosco caminhar!
Apenas um à parte, no episódio do Evangelho de hoje: O elevar os olhos ao céu, abençoar e partir o pão distribuindo-o lembra-me a Última Ceia, ou seja a 1ª Eucaristia. Foi exactamente assim… ontem como hoje na mesa da Eucaristia o Pão descido dos Céus, Jesus! (a)
O Pão dado e repartido... faz renascer, desintoxica do egoísmo, gera fraternidade, unidade… faz de nós um POVO que caminha para Deus, Trino de Amor. E então Ele virá para dar pão a quem tem fome, para suscitar fome do Seu Amor infinito a quem está saciado apenas do pão do corpo
Quando interpelo Deus, devo interrogar-me primeiro..... não é Ele que "está surdo", sou eu, sou eu, que não oiço e não quero ver!

 (a) NOTA: "Sobraram 12 cestos de pão", diz o autor do Evangelho. Os doze cestos podem simbolizar os 12 apóstolos, ou seja a nova e 1ª comunidade formada por Jesus e que chega até nós pela multiplicação de crentes? Se simbolizam, Jesus entregou as cestas com pão aos apóstolos para eles distribuírem, assim, é o Pão de Jesus, ou seja, o próprio Jesus, que continua a saciar a fome às pessoas de todos os tempos e lugares.

Compreendo que escrevi demais, vou por isso terminar.

Um abraço, ana saldanha (elemento da Equipa Casais Stª Maria/Colares)

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