D. Joaquim Mendes, bispo que acompanha a Pastoral Penitenciária de Portugal, considera a cadeia um «lugar teológico»
Lisboa, 26 fev 2016 (Ecclesia) – O bispo que acompanha a Pastoral Penitenciária de Portugal Afirmou que a direção os Estabelecimentos Prisionais devem “garantir condições” para que os presos tenham oportunidade de rezar, bem como “acesso a textos religiosos e à formação religiosa”.
“A assistência religiosa deve ser colocada ao mesmo nível de outros tipos de assistência a que os reclusos têm direito, como a assistência social, psicológica, jurídica e de saúde”, escreveu D. Joaquim Mendes, vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social, para os reclusos “poderem satisfazer os preceitos vinculados à sua própria religião”.
Num artigo de opinião publicado hoje, na mais recente edição do Semanário digital Ecclesia, o prelado sublinha que a assistência religiosa “é um direito dos reclusos e um dever da Igreja”.
Para D. Joaquim Mendes, a condição dos reclusos nas cadeias portugueses deve “suscitar o empenho” de todos os cristãos e das comunidades cristãs.
“Na prevenção, no seu acompanhamento, no respeito pela sua dignidade, na preocupação com sua reabilitação e reintegração social e laboral, e também na proximidade, acompanhamento e apoio às suas famílias”, exemplifica.
O bispo vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social alerta para a importância de “favorecer a reinserção”, dando aos reclusos “acesso ao trabalho” mas, também, “promover uma justiça reconciliadora” que seja capaz de “restaurar” as relações de convivência harmoniosa “rompidas pelo crime cometido”.
O seu artigo, o também bispo auxiliar de Lisboa, recorda que a Comissão Internacional da Pastoral Penitenciária Católica reafirmou este direito à assistência religiosa afirmando que “a prevenção da liberdade deve incluir o direito do recluso de receber o Evangelho, de viver a sua fé e de observar as práticas e os ritos da própria religião”.
Para D. Joaquim Mendes, a pastoral penitenciária tem “a tarefa importante” de fazer compreender que a “misericórdia de Deus não tem limites”, porque “Deus não deixa de amar” apesar dos pecados e dos crimes.
Neste contexto, acrescenta que o arrependimento e o perdão “destroem o pecado e restituem” ao pecador a sua dignidade de filho de Deus.
“A reclusão assim como toda a experiência humana negativa, não separa, nem exclui do amor de Deus, por isso a Igreja sente o dever e reclama o direito de poder levar aos reclusos a Boa Nova do Evangelho”, sublinha.
O vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social adianta que a Igreja está nas prisões porque “acredita na conversão dos reclusos” e vê aí um “campo prioritário da sua missão.
“Não somente do ponto de vista religioso, mas também do ponto de vista psicológico, de acompanhamento do recluso ao encontro com Jesus Cristo levando-o à reconciliação”, acrescenta na mais recente edição do Semanário digital Ecclesia.
“A cadeia não é só um lugar de detenção, mas é, antes de tudo um lugar «teológico» onde encontramos Cristo que aí habita na pessoa de cada recluso”, destaca ainda D. Joaquim Mendes, considerando que o Ano Santo da Misericórdia “desafia toda a Igreja” a voltar o seu olhar para essas «periferias».
A pastoral penitenciária “deve ajudar” os reclusos a descobrir a misericórdia de Deus, assinala, recordando que o Papa Francisco na prisão de Júarez, na visita ao México, disse para se “manter viva a esperança do Evangelho da Misericórdia na prisão”.
A edição do semanário digital Ecclesia, hoje publicada, tem por dossier central o trabalho da Igreja Católica nas prisões.
CB/
Sem comentários:
Enviar um comentário