No Evangelho de hoje, vemos como os discípulos pretendem impedir alguém de fazer o bem só porque não pertence ao grupo daqueles que seguem o Senhor. Jesus, muito prontamente, responde-lhes dizendo: «Não o proibais!». Ele bem percebe que é a inveja que os move a acusar o outro homem que estava a fazer o bem.
Pode acontecer que criemos divisões entre nós porque cada um acha que tem razão. Afirmamos a nossa razão individual e separamo-nos dos outros. Mas também pode acontecer que, em vez de um «eu» individual, defendamos um «eu» coletivo: o nós! Nós somos os bons e os outros os maus.
Aquele que ama felicita-se pelo bem dos outros, fica feliz quando alguém faz alguma coisa boa; fica feliz pelo sucesso dos outros e felicita-se quando outros se comprometem com o bem. O egoísta, por outro lado, não fica feliz com o bem realizado pelos outros, fica irritado quando os outros têm mais sucesso do que ele e arranja maneiras de reduzir o bem feito pelos outros. Para se consolar, o egoísta diz para si mesmo: «ah, esta pessoa fez o bem só para dar nas vistas», ou então: «este ajuda os pobres só para ser reconhecido». Assim, o egoísta é vítima da inveja e torna-se orgulhoso.
Ora, o egoísmo, a inveja e o orgulho podem ser individuais, mas também podem ser do grupo. É particularmente grave quando se torna egoísmo de um grupo religioso. Na verdade, os discípulos formam uma comunidade e ainda bem! É sinal de que há alguma coisa que os congrega. Também nós, enquanto Igreja, formamos uma comunidade, congregados pelo Amor de Cristo. O problema é se a nossa comunidade, em vez de ter Jesus e os seus critérios no centro da sua vida, passa a ter-se a si mesma como centro de tudo o que faz.
Estes discípulos estão preocupados porque há outros a fazerem o bem que «não são dos nossos»! Jesus rapidamente faz com que percebam que Ele a todos abraça e a ninguém exclui. Se nós excluímos alguém, considerando-o indigno de fazer o bem, estamos a excluir o próprio Jesus Cristo, que Se fez último de todos. Se consideramos que nós somos os bons e os outros, os que não pertencem à Igreja, são os maus, então nem sequer somos católicos (universais!!!). Não somos, nem sequer, cristãos, porque não temos em nós o Espírito do Filho que por todos deu e dá a vida.
Quanto mais estivermos unidos a Deus, que é amor, mais estaremos unidos entre nós. Quanto mais estivermos em Deus, menos podemos excluir os que são diferentes. O Amor une, não separa. Quando estamos muito preocupados connosco próprios, com medo de perder «terreno», com medo de perder a identidade, podemos estar a esquecer que Ele é o pastor de todos. Único é o Pastor! Único é o rebanho! O critério que nos diz a pertença a este «rebanho», que tem Cristo por pastor, é a nossa união com Ele. Podemos até pertencer à Igreja visível, mas estar longe do rebanho das ovelhas de Cristo se, em vez de termos os seus critérios, estamos centrados em nós mesmos, nas nossas ideias, nos nossos desejos, que depois projetamos em Deus para nos justificarmos.
Peçamos a Deus a graça de sermos uma Igreja centrada em Cristo, que seja Ele o Sol em torno do qual todos orbitamos, cada um no seu lugar. Que o nosso coração se possa alegrar pelo bem, pelo sucesso dos outros, mesmo daqueles que não pertencem ao nosso «grupo».
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