«O ser humano nunca descansou tanto como hoje, e no entanto nunca experimentou tanto vazio como hoje», declarou o papa na audiência geral desta quarta-feira, no Vaticano.
Na intervenção dedicada ao mandamento sobre o descanso, enganadoramente simples de observar, Francisco frisou que o repouso autêntico caracteriza-se pela contemplação e pelo louvor, e não pela fuga.
O descanso é essencial para ver a vida, ou seja todos os outros dias, com outros olhos – desmentindo assim a difundida expressão «graças a Deus que é sexta-feira», ou seja, mais tempo para o repouso e diversão –, descobrindo-lhe um sentido que aparentemente não tem sentido.
«Quantas vezes encontrámos cristãos doentes que nos consolaram com uma serenidade que não se encontra nos que gozam a vida e nos hedonistas. E vimos pessoas humildes e pobres rejubilar por pequenas graças com uma felicidade que tinha o sabor de eternidade», afirmou.
O descanso e a pausa que proporciona, não só nos prolongados períodos de férias mas todas as semanas, é a oportunidade de reconciliação com a história pessoal, «com os factos que não se aceitam, com as partes difíceis da própria existência», porque a «verdadeira paz não é mudar a própria história, mas acolhê-la e valorizá-la, tal como aconteceu», apontou na alocução, que traduzimos em seguida.
Quando é que a vida se torna bela? Quando se começa a pensar bem dela, qualquer que seja a nossa história. Quando faz caminho o dom de uma dúvida: a de que tudo seja graça, e esse santo pensamento desmorona o muro interior da insatisfação, inaugurando o autêntico descanso. A vida torna-se bela quando se abre o coração à Providência e se descobre como verdadeiro o que diz o salmo: “Só em Deus repousa a minha alma”. É bela esta frase do salmo.»
Rui Jorge Martins
Fonte: Sala de Imprensa da Santa Sé
Imagem: Syntheticmessiah/Bigstock.com
Publicado em 05.09.2018
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