domingo, 31 de março de 2019

MEDITAÇÃO DIÁRIA Dom, 31 – Domingo IV da Quaresma – Ano C

Jos 5, 9a.10-12 / Slm 33 (34), 2-7 / 2 Cor 5, 17-21 / Lc 15, 1-3.11-32

A celebração da Páscoa do povo de Israel tornava presente uma história de libertação da escravidão no Egito e a presença contínua de Deus, que acompanhou o seu povo nas agruras do deserto, o alimentou com o maná até o fazer entrar na terra prometida. Não se trata de uma celebração saudosa do passado, mas da presença ativa e fiel na vida atual do povo eleito.

As infidelidades do povo nunca fizeram desistir Deus do seu amor inalterável. Deus ama-nos não porque merecemos o seu amor, mas porque precisamos dele como alimento essencial. Assim é a gratuidade do amor desmedido que o Senhor nos oferece.

O apóstolo Paulo dirige uma forte exortação à conversão dos cristãos de Corinto e a nós também, como «embaixador de Deus»: «Nós vos pedimos, em nome de Cristo, reconciliai-vos com Deus». Podemos encontrar aqui também uma exortação à reconciliação sacramental neste particular tempo da Quaresma. A justiça de Deus coincide com a sua misericórdia, presente que o Senhor nos quer oferecer e do qual todos necessitamos.

No Evangelho encontramos um texto de profunda beleza literária que nos revela a imagem real do nosso Deus desmedidamente amoroso. É comum chamarmos «Parábola do Filho Pródigo», mas este título é muito parcial, pois omitimos que o filho mais velho também era pecador. Além disso, a personagem fundamental é o Pai dos dois filhos. Assim, poderíamos intitular esta história de Jesus: «Parábola do Pai excessiva e incorrigivelmente misericordioso».

Que seria do nosso mundo se fosse um acumular de histórias como a do filho que abandonou a casa paterna, para fazer envenenar a sua liberdade com libertinagens até ficar reduzido a um guardador de porcos? Jesus, com esta parábola, revela-nos que não há becos sem saída, mas qualquer vida desastrada pode terminar na casa do Pai, com beijos e abraços, música e danças, em clima de reconciliação festiva.

Esta parábola é contada por Jesus a fim de Se justificar do próprio comportamento, considerado escandaloso pelos escribas e fariseus, que se julgavam justos: «Este homem acolhe os pecadores e come com eles». Aqui encontramos o pai a organizar um banquete festivo para quem, segundo a justiça humana, merecia castigos e humilhações. Deus, representado pelo pai, não Se importa com a sua honra ofendida, mas ocupa-Se em reabilitar a dignidade do filho, que chegou a casa como um pobre miserável esfarrapado. «A glória de Deus é o homem cheio de vida», como afirma Santo Ireneu. O pai da parábola, imagem de Deus, não tem a mínima observação que denote ira ou desejo de vingança, como mostra o filho mais velho. Apenas se empenha em fazer festa a quem se converte. Esta é a ideia fixa de Deus, o seu imperativo categórico também hoje a nosso respeito: «Tínhamos de fazer festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi reencontrado».

Sem comentários: