Uma meditação do Papa Francisco (cardeal Bergoglio), no momento em que se discute «O Estado da Nação» no Parlamento
«Nenhum sistema ou ideologia assegura, por si mesma, este cuidadoso e justo trabalho político do bem dos outros, de todos nós. Para ele faz falta viver o amor como dom valioso e invocado, que inspira a ética e o sacrifício, a prudência e a decisão. Assim, diante deste mandamento que pede todas as nossas forças, diante deste dom que ajuda a fundar a nossa consciência cívica e política mais profunda, e que, sobretudo, pede um coração nobre, far-nos-á bem hoje, com genuína coragem, fazer um exame de consciência e perguntarmo-nos em concreto sobre uma realidade diária que, precisamente, é o contrário do amor, é consequência do desamor: O que nos leva a ser cúmplices, com a nossa indiferença, das manifestações de abandono e desprezo para com os mais débeis da sociedade? (…)
Uma política sem mística para os outros, sem paixão pelo bem, acaba por ser um racionalismo da negociação ou uma voragem para permanecer pelo único gozo do poder. Aqui não há ética possível porque, simplesmente, o outro não desperta interesse. (…)
O exercício de buscar poder sobre poder, como adrenalina, é uma sensação de plenitude artificial hoje, e de autodestruição amanhã. O verdadeiro poder é o amor; o que potencia os outros, o que desperta iniciativas, o que nenhuma cadeia pode travar, porque mesmo na cruz ou no leito de morte se pode amar. Não precisa de beleza juvenil, nem reconhecimento ou aprovação, nem dinheiro ou prestígio. Simplesmente brota… e é imparável; e se o caluniam e destroem, mais reconhecimento inquestionável adquire. O Jesus débil e insignificante aos olhos dos políticos e poderosos da terra, revolucionou o mundo.» (Cardeal Jorge Bergoglio (Papa Francisco), 25.5.2012)
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