Evangelho
e 2.º leitura do 26.º domingo (29 de setembro): pistas para meditação
É
duplamente terrível a última frase do Evangelho: «Tão-pouco se deixarão
convencer, se alguém ressuscitar dentre os mortos». Primeiro porque ela parece
desesperada, como se nada pudesse forçar um coração de pedra a mudar. Mas é
ainda mais terrível na boca de Jesus. Podemos perguntar se ele estaria a pensar
nele próprio ao proferi-la – «Se alguém ressuscitar dentre os mortos»… E quando
Lucas escreveu o seu evangelho, sabia muito bem que a ressurreição de Cristo não
converteu toda a gente, longe disso; chegou mesmo a endurecer alguns.
Centremo-nos na história do rico e do pobre Lázaro: do rico não sabemos muito,
nem sequer o nome. Não se refere que era especialmente malvado; pelo contrário,
dado que chega a pensar, mais tarde, em salvar os seus irmãos da infelicidade no
além. Simplesmente, ele está no seu mundo, no seu conforto, «na sua torre de
marfim», poder-se-ia dizer, como os samaritanos de quem falava Amós na primeira
leitura. De tal forma estava encerrado na sua torre de marfim que nem sequer
chega a ver, através do seu portão, o mendigo que morre de fome e que bem se
contentaria com os seus restos.
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