segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Pastoral da Cultura

A atitude de se retirar de um mundo julgado decadente ou corrupto, aliás de condenação de uma sociedade da qual o cristão se deve afastar, tem expressões muito diferentes. Evidenciam, contudo, o que eu chamaria uma tentação forte, ou uma reativação de um comportamento intelectual e prático que favorece a construção e o reforço de uma Igreja à distância, essencialmente crítica, que vive numa margem contestadora, como uma contrassociedade que tem em si mesma os próprios recursos. Tentação que, na minha opinião, como tal, se pode e se deve compreender, mas exatamente para dela se afastar. De facto, há o temor de que esta atitude leve só à esterilidade e ao desprezo da mensagem evangélica.

Martin Heidegger, falando sobre a «noite do mundo» na qual nos encontramos, diz que a doença do homem moderno é a ausência de pátria, e que o drama da nossa época não é a falta de Deus, mas o facto de que os homens já não sofrem esta falta, e por conseguinte já não sentem a necessidade de superar a dor infinita da morte, considerando o presente como exílio e não pátria. A ilusão de se sentir realizado, a pretensão de estar saciado, completo na própria vicissitude, esta é a doença mortal. Seremos prisioneiros dela quando o coração já não viver a inquietação e a paixão de se questionar, o desejo de encontrar para poder, ainda e novamente, questionar e buscar. Isto é válido inclusive para o caminho de Deus.

Sem comentários: