Papa Francisco: Discurso na FAO, 20/11/2014
«(…) É doloroso constatar que a luta contra a fome e a subalimentação é obstada pela «prioridade de mercado», e pela «primazia do lucro», que reduziram os alimentos a uma mercadoria qualquer, sujeita a especulações, até financeiras. E quando se fala de novos direitos, o faminto está ali, na esquina da rua, e pede o direito de cidadania, pede para ser considerado na sua condição, para receber uma alimentação básica sadia. Pede-nos dignidade, não esmola.
(…) A primeira preocupação deve ser a própria pessoa, quantos não têm o alimento diário e deixaram de pensar na vida, nas relações familiares e sociais, e lutam unicamente pela sobrevivência. Em 1992, o Santo Padre João Paulo II (…) advertiu a comunidade internacional contra o risco do «paradoxo da abundância»: há alimento para todos, mas nem todos podem comer, enquanto o desperdício, o descarte, o consumo excessivo e o uso de alimentos para outros fins estão diante dos nossos olhos. Eis o paradoxo! Infelizmente, este «paradoxo» continua a ser atual. (…) É este o primeiro desafio que deve ser superado.
O segundo desafio que deve ser enfrentado é a falta de solidariedade. (…) As nossas sociedades caracterizam-se por um individualismo crescente e pela divisão; isto acaba por privar os mais débeis de uma vida digna e por provocar revoltas contra as instituições. Quando num país não há solidariedade, todos se ressentem disto. De facto, a solidariedade é a atitude que faz com que as pessoas sejam capazes de ir ao encontro do outro e fundar as próprias relações recíprocas naquele sentimento de fraternidade que vai além das diferenças e dos limites, e leva a procurar juntos o bem comum.»
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