2 Sam 7, 1-5.8b-12.14a.16 / Slm 88 (89), 2-5.27.29 / Rom 16, 25-27 / Lc 1, 26-38
Na segunda leitura deste quarto domingo do Advento, S. Paulo fala-nos da «revelação do mistério encoberto desde os tempos eternos, mas agora manifestado». Esta palavra, «mistério», é por vezes mal compreendida. De que «mistério» está a falar S. Paulo? O mistério da nossa salvação. É isto que significa esta palavra: o plano salvífico que Deus, desde sempre, tem no seu coração.
A revelação de quem é Deus para nós foi sendo progressivamente feita ao longo de toda a história. Com a suavidade que só o Amor conhece, Deus foi manifestando a sua presença delicadamente, de modo que esta não se impusesse pela força, mas fosse, ao longo dos séculos, reconhecida como presente e cada vez mais próxima.
Começa com a criação. Tudo o que existe veio ao mundo porque «Deus disse...». Tudo é criado por Deus e de tudo e em tudo podemos reconhecer a sua presença. Depois da criação, Deus não nos abandonou, mas continuou no meio de nós. Enviou profetas que nos mostravam, na sua vida, o rosto de Deus. Por fim, em Jesus Cristo, Deus faz-Se um de nós e vem viver connosco. É Deus-Connosco. Em Cristo, tudo está revelado. Quando, na cruz, o Senhor diz: «Tudo está consumado», está a dizer que a História da Salvação está consumada, que o Amor do Pai está definitivamente revelado, que o mistério da nossa salvação está plenamente revelado.
No Evangelho, temos aquela que é uma das passagens mais conhecidas e mais representadas da Escritura, que nos mostra como se concretiza definitivamente a revelação do mistério da Salvação: a Anunciação.
Em Maria, nossa mãe, temos a imagem do que é a vida cristã, de qual é o fundamento da nossa vida: a incarnação de Cristo. Todos somos chamados a «dar à luz» Jesus. Claro que isto não é para ser lido num sentido físico, mas a vida cristã plena, à qual somos todos chamados, passa por dizer o nosso «Sim» como faz Maria. Dizendo «Sim» a Deus, uma coisa é certa: Ele vem habitar o nosso coração e ficamos «grávidos» de Deus. Se temos dentro de nós o Senhor, se abrimos as portas do nosso coração à sua presença, então na nossa vida, no trabalho, em casa, onde quer que estejamos, seremos presença de Deus. Através da nossa vida e com a nossa colaboração, Deus continua a vir ao mundo. Tal como há 2000 anos Deus quis precisar de Maria para vir ao Mundo, tal como, antes de Cristo, o Senhor Se fez presente pelos profetas e na criação, agora, hoje, precisa do nosso «sim» para fazer-Se carne na nossa vida.
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