Sf 3, 14-18a / Is 12, 2-3.4bcd.5-6 / Fl 4, 4-7 / Lc 3, 10-18
«Rejubila!», «Alegrai-vos!» são imperativos da Palavra de Deus nas leituras deste domingo. Não se trata de uma vaga sugestão, mas de uma ordem. «Alegrai-vos e exultai» é o título da última Exortação apostólica do Papa Francisco, sobre o chamamento que o Senhor nos faz à santidade na vida quotidiana. É claro que da boca de quem fala em nome de Deus não poderia vir este desinfeliz imperativo: Entristecei-vos e deprimi-vos.
Na primeira leitura, o profeta Sofonias, porta-voz de Deus, convida à alegria, depois de falar em catástrofes iminentes. É que a ira de Deus é contra o pecado e as situações de injustiça, nunca contra o pecador que ama, em aliança irrevogável. O amor omnipotente de Deus revela-se como misericórdia, fonte perene de alegria e paz. Para sermos de Deus é fundamental convertermos as nossas fobias e medos em confiança e júbilo.
S. Paulo escreve à comunidade de Filipos, a partir da sua prisão em Éfeso. Poderia enumerar uma ladainha de queixas e lamentações sobre a desgraça de viver numa cadeia. Mas não: exorta-nos à alegria, repetindo com insistência: «Alegrai-vos sempre no Senhor. Novamente vos digo: alegrai-vos». E explicita a razão da sua paradoxal alegria: é que «o Senhor está próximo». É que a nossa alegria não assenta sobre a mera boa disposição, as facilidades da vida, sobre a boa saúde ou o êxito nos negócios. Se firmarmos a nossa alegria na presença de Cristo, estaremos sempre alegres.
No Evangelho deparamos com três grupos de pessoas que vão ter ao deserto para encontrar o profeta João Batista. Poderíamos pensar que exortaria o povo a simples práticas devocionais de jejuns e orações. De algum modo antecipa o mandamento do amor ao próximo que Cristo iria anunciar como sinal do seu Reino. Ao simples povo recomenda que partilhe o que tem: «Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem; e quem tiver mantimentos faça o mesmo». Aos publicanos, a profissão mais odiada, por frequentemente explorar o povo e colaborar com a opressão do império romano, João pede: «Não exijais nada além do que vos foi prescrito». Aos soldados, com o poder das armas, proíbe os abusos dos poderosos: «Não pratiqueis a violência com ninguém nem denuncieis injustamente».
Que me desafiará João Batista a melhorar, no deserto da minha consciência, hoje, nas vésperas deste Natal?
Sem comentários:
Enviar um comentário