Br 5, 1-9 / Slm 125 (126), 1-6 / Fl 1, 4-6.8-11 / Lc 3, 1-6
Seguimos a caminhada em direção às festas natalícias, à celebração do Natal de Jesus. O profeta João Batista aparece-nos no Evangelho a exortar-nos: «Preparai o caminho do Senhor»! O Natal será uma celebração rica e festiva na medida em que for desejado e preparado. Não há de ser uma data inevitável do calendário, que surge de improviso.
Na primeira leitura, o profeta Baruc, em nome de Deus, anima o povo deportado na Babilónia com a esperança de regressar à Terra Prometida, a Jerusalém, à qual imporá um novo nome: «Paz da justiça e glória da piedade». Nome que não é apenas uma palavra, mas significa uma nova realidade. Jerusalém é comparada a uma viúva que perdeu também os seus filhos e se encontra entregue às desgraças, em total abandono. Mas Deus nunca abandona os que n’Ele confiam e assim o profeta anuncia a ressurreição de um povo: «Deus decidiu abater os altos montes e as colinas seculares e encher os vales, para aplanar a terra, a fim de que Israel possa caminhar em segurança, na glória de Deus». Importa confiar sempre em Deus, aconteça o que acontecer.
Nas nossas orações, estamos mais habituados a pedir graças do que a louvar e agradecer. Um verdadeiro israelita não reza assim. As suas orações começam sempre por uma «bênção», em que se louva e agradece ao Senhor.
S. Paulo, escrevendo aos cristãos de Filipos, afirma que «Deus é testemunha que vos amo a todos no coração de Cristo Jesus». Seguramente que, se amarmos assim, as pessoas com quem convivemos ou encontramos serão amadas com qualidade humano-divina, ao jeito de Jesus, que nos pediu para amar com esta originalidade: «Amai-vos como Eu vos amei», sempre e até ao fim, com todo o coração.
S. Lucas inicia o capítulo 3.º do seu Evangelho de um modo solene, com uma detalhada referência cronológica, situando os acontecimentos no tempo, em que são nomeadas sete personagens da história real. Assim fica claro que não se trata de uma fábula imaginada por um sonhador, mas relata a intervenção de Deus na história.
«Foi dirigida a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto», afirma o Evangelho de Lucas. Tudo começa no deserto, de tão significativas ressonâncias bíblicas, desde a saída do povo eleito da escravidão do Egito, passando pelo deserto a caminho da Terra Prometida. Para o deserto vão viver as pessoas, como João Batista, que se recusam a pactuar com as injustiças da sociedade, qual refúgio ecológico, onde é possível viver a radicalidade da lei do amor a Deus e ao próximo.
Assumindo a «espiritualidade do deserto», preparemos a vinda do Senhor no Natal.
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