O que podemos dizer do Reino de Deus é que ele
é inseparável de Jesus, deste agora da salvação de Deus, deste transbordar da
sua graça na história. É inseparável deste rasgar da história aos pobres e
infelizes, deste bálsamo derramado aos corações quebrantados, desta palavra de
alento aos que já não esperavam nada. Deste aproximar das vidas concretas à
possibilidade da salvação de Deus. Onde Jesus Cristo chegava, chegava o Reino.
Onde Jesus Cristo estava, o Reino de Deus mostrava-se. Quando as pessoas tocavam
em Jesus, estavam a tocar no Reino, quando O viam estavam a vê-lo. Quando
escutavam as suas parábolas estavam a escutar a gramática insuspeita do Reino.
Jesus viveu a sua vida como esta manifestação extraordinária do Reino. O Reino
de Deus coincidia com a presença de Jesus, e que efeitos extraordinários, esta
chegada de Jesus, provocava em tantas vidas.
A fé cristã em duas palavras: «contemplar», «agir»
«Adoração. Fala-se pouco
de adoração!» Esta consideração, pronunciada pelo papa Francisco com um misto de
tristeza e preocupação, poderia colher o sentido de um dos sinais conclusivos do
Ano da Fé. A confirmá-lo, pode acrescentar outro pensamento do papa dirigido aos
seminaristas e às noviças na conclusão da sua peregrinação. A união entre ação e
contemplação é um dos pontos cardeais que a fé exprime e precisa sempre de ser
reafirmada. A fé vive principalmente de adoração. O encontro com Cristo, de
facto, requer que a resposta do crente brote da contemplação do seu rosto. A
contemplação, contudo, não nos distancia dos compromissos e das preocupações
quotidianas, pelo contrário. Ela permite dar sentido e sustentar o cansaço de
cada dia. A alegria que provém daquele encontro não é artificial nem limitada a
um momento emotivo, mas condição para ver com profundidade e colher o que vale a
pena viver.
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