terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Na Tua Palavra | D. NUNO BRÁS

O Salvador

“Nasceu-vos o Salvador” – foi assim, de acordo com o evangelho de S. Lucas, que os anjos evangelizaram os pastores na noite do nascimento de Jesus (Lc 2,11). A grande notícia para todos, a começar por aqueles homens simples e a terminar nos mais importantes, foi e é o nascimento do Salvador.

Isso significa, em primeiro lugar, que, da parte de Deus, o mundo tem salvação. Fora o mundo destinado à perdição; foram os homens condenados à auto-destruição (como alguns nos querem fazer acreditar) e Deus não teria perdido tempo connosco. Colocando-nos no lugar de Deus, talvez fosse mesmo isso que merecíamos: gente de coração duro e de pensamento frio; gente inconstante e capaz do melhor e do pior… – fôssemos nós Deus e já teríamos perdido a paciência com esta humanidade. Mas não: apesar de tudo, para Deus somos obra das suas mãos, onde Ele gravou a sua imagem. E, depois, há Jesus Cristo: e, por um justo, Deus não destruirá a cidade. E, em Jesus, antes e depois dele, muitos pecadores que se deixaram tornar justos, e que brilhasse na sua vida e no seu coração a justiça de Cristo: Deus não destruirá a cidade!

Mas a Boa Nova do nascimento do Salvador significa igualmente que existe, no meio do tempo, alguém que nos pode libertar. Insistimos em recusar Jesus Cristo. Os homens insistem em querer salvar-se a si mesmos. Em procurar outros caminhos mais fáceis (mesmo religiosos – e, alguns, disfarçados até de cristianismo), onde a auto-salvação possa ir de mãos dadas com a riqueza, a soberba, o egoísmo, a auto-glorificação…

Que essa recusa de Jesus acontecesse naqueles lugares onde ainda não ressoou o Evangelho, poderíamos compreender; mas que isso aconteça nestas terras onde praticamente desde o início aquele feliz anúncio foi escutado, ultrapassa todas as lógicas (penso nisto, e olho para mim, pecador, e percebo que talvez não seja assim tão estranho)!…

A história do mundo quase se poderia contar deste modo: a recusa de um Salvador, e a tentativa, sempre falhada, de acreditar apenas na humanidade e nas suas capacidades; e a insistência, persistência, perseverança de Deus em fazer-nos encontrar o Salvador… É um mistério esta paciência de Deus! Mas é uma tarefa de que Deus não nos dispensa, a nós, cristãos: o anúncio, diante de todos, hoje como naquela noite fria de Belém, de que nasceu o Salvador.

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