At 2, 1-11 / Slm 103 (104), 1ab.24c.29bc-31.34 / 1 Cor 12, 3b-7.12-13 ou Gal 5, 16-25 / Jo 20, 19-23 ou Jo 15, 26-27; 16, 12-15
«Rei celeste, Consolador, Espírito da Verdade vem habitar em mim!». Assim começam as ações litúrgicas dos nossos irmãos cristãos do Oriente. Estão conscientes que a graça vem de Deus, mas não desejam que esta desça como um simples hóspede muito querido que nos vem visitar e depois regressa a sua casa. O Espírito vem habitar dentro de nós, tem morada permanente em nós. S. Basílio, um santo da antiguidade cristã, utiliza uma expressão curiosa, dizendo que o Espírito Santo Se torna na nossa «forma», isto é, Ele dá forma à nossa vida. Outra expressão semelhante refere-se ao Espírito Santo como sendo a «Alma da nossa alma». Isto significa que Ele faz parte daquilo que nós somos, «mais íntimo de mim que eu mesmo».
A Solenidade que hoje celebramos, o Pentecostes, em ligação com todas as festas pascais, mostra-nos o ápice do ano litúrgico. Mais: mostra-nos o ponto mais elevado da criação, da incarnação e da redenção: somos habitados pelo Espírito Santo. O Senhor ressuscitado subiu aos céus, mas não nos abandona à nossa sorte: envia--nos o seu Espírito, o Espírito Santo. Interessante notar que, no Antigo Testamento, no livro do Génesis, vemos como Deus sopra sobre o barro e Adão é criado; agora, no Pentecostes, o Senhor sopra sobre homens e mulheres e a Igreja é criada. É destes homens e mulheres, reunidos no cenáculo, habitados pelo Espírito Santo, é da comunidade que brota a Igreja.
A alegria e a tristeza estão na base das nossas ações. Quando estamos tristes, ou não fazemos nada porque não temos força para nada ou o que fazemos não é bom. Mas quando estamos felizes e nos sentimos alegres, então as nossas ações são boas, somos uma presença positiva para os outros e à nossa volta tudo floresce. A alegria do Senhor é a nossa força, é a força da vida nova no Amor, habitados pelo Espírito Santo. Os discípulos estavam fechados, com as portas trancadas, com um medo irracional que lhes fizessem o mesmo que fizeram a Jesus. Como quase todos os medos, este era um medo improvável, mas nem por isso era menos real. O medo tem esta força de nos fechar aos outros e fazer do nosso coração um lugar fechado. Recordemo-nos que o Cenáculo, lugar onde estão fechados por causa do medo, é o mesmo sítio onde o Senhor nos deu o Pão e o Vinho, seu Corpo e Sangue. Quando estamos tristes e com medo, nada faz sentido, tudo é ameaçador. É neste momento de medo e dor, em que nada parece fazer sentido, que o Senhor Se faz presente. Ele está sempre presente na nossa vida e também nos momentos de medo, quando tudo parece escuro e ameaçador. Ele entra no mais profundo do nosso ser e dá-nos o dom da sua paz. Encontrar o Ressuscitado na nossa vida leva-nos à Alegria e a dar frutos de paz. Estes são sinais da sua presença.
Quando os discípulos viram a mão e o lado de Jesus encheram-se de alegria. É esta alegria no Senhor que se torna missão para os discípulos de Jesus. Somos, por isso, todos nós enviados, tal como Jesus foi enviado pelo Pai, a anunciar que somos filhos muito amados do Pai. Temos a mesma missão de Jesus! A nossa missão é mostrar, isto é, testemunhar o Amor do Pai por cada um de nós. Recebemos esta missão com o «sopro» do Espírito Santo. É Ele que em nós grita «Abbá, Pai»; é Ele o orante em nós, mas Ele precisa de nós, precisa que abramos o coração para que a nossa vida seja um lugar de amor, de alegria e de paz.
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