No Domingo passado víamos como o Senhor Se identifica como sendo a verdadeira videira da qual nós somos os ramos. Esta metáfora muito rica fala da união profunda entre o Senhor e cada um de nós e também da união entre todos aqueles que aderem a Cristo: somos ramos da mesma videira, membros do mesmo corpo, parte uns dos outros.
Depois desta metáfora que nos apresenta Jesus como a Videira e depois de nos anunciar que a nossa vida depende da ligação ao tronco que Ele é, agora o Senhor diz-nos que a consequência de sermos um ramo da videira que Ele é, isto é, a consequência de vivermos em Cristo, é amarmo-nos uns aos outros com o mesmo amor com que Ele nos ama. É a mesma seiva que atravessa o tronco e os ramos e nós somos chamados a viver em Cristo. É este o mandamento do Senhor: que nos amemos uns aos outros do mesmo modo como Ele nos ama.
Somos chamados a permanecer no amor, a fazer do amor de Cristo a nossa morada permanente, a fazer d’Ele a nossa casa. E nós estamos «em casa» ali onde está o nosso coração, estamos «em casa» quando estamos com aqueles que amamos e nos amam. Viver em Cristo não é uma espécie de sentimento vago de afeto, não é simplesmente gostar muito de Jesus nem uma espécie de iluminação intelectual: é a vida concreta gasta por amor pelos irmãos e pelas irmãs e o amor está mais nos atos do que nos sentimentos e nas palavras.
Estamos aqui no ápice da revelação de Deus como Amor: o Amor, total e absoluto, do Pai pelo Filho é o mesmo Amor, total e absoluto, com que o Filho nos ama e é exatamente desse Amor que Jesus está a falar quando nos dá o mandamento de nos amarmos uns aos outros. É neste Amor, total e absoluto, que somos chamados a permanecer, isto é, a morar, a fazer d’Ele a nossa casa. E como fazemos para morar nesse Amor? Jesus responde: se guardarmos os seus mandamentos. «Mas quais mandamentos?», poderíamos perguntar. Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, responde o Senhor. Viver no seu amor vê--se no modo como amamos os que estão à nossa volta. É pelo modo como amamos que se vê se passámos da morte à vida, porque quem não ama está desligado da linfa vital, da seiva que corre do tronco para os ramos, que em Cristo é o Amor: quem não ama está morto.
O Senhor escolheu-nos para darmos os frutos do amor, para sermos enviados a amar! Este é o fruto distintivo daqueles que permanecem n’Ele. É a vida, no modo como se manifesta nos nossos relacionamentos com os outros, seja em casa, no trabalho, na igreja ou com os amigos, que diz que estamos em Cristo. Somos enviados a revelar o Amor através do modo como nos relacionamos com os outros. Esta é a missão da Igreja no mundo, esta é a nossa missão! Viver amando de modo que aqueles que olham para nós, discípulos de Cristo, membros da sua Igreja, encontrem a beleza que, no fundo, todos procuramos, a beleza do Amor, a beleza que salvará o mundo.
A nossa missão no mundo – sermos cristãos e anunciarmos que o Reino está próximo – não vai lá com palavras, mas com a vida. Jesus diz: quem Me vê, vê o Pai. Que os outros, quando olham para nós, possam ver o rosto de Cristo.
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