Santo António tornou-se um santo popular em vários pontos de país. No Patriarcado de Lisboa existem oito paróquias que têm este santo franciscano como orago e as festas são distintas.
Virada à marginal e inserida numa zona turística ergue-se a igreja paroquial de Santo António do Estoril. Ao entrar naquele espaço, destruído pelo terramoto de 1755 e posteriormente alvo de um incêndio já no século XX, não se imaginam as reconstruções que a antiga igreja do Convento dos Franciscanos necessitou. “Quem entra na igreja quase como que mergulha na vida do Santo António, quer o teto quer os azulejos são momentos da vida do santo, e é impossível ficar indiferente”, refere o pároco, padre Paulo Malícia. Com a reconstrução da igreja foram acrescentados os frescos do teto, da autoria de Carlos Bonvalot, natural do Estoril, bem como os azulejos. Esta envolvência vale muitas visitas de portugueses e estrangeiros e, nesta altura da festa de Santo António, torna-se possível agendar uma visita guiada.
Mergulhar na vida de Santo António
Ana Cortez de Lobão, historiadora, guiou a reportagem da Agência ECCLESIA a cada pintura e cada azulejo, no interior da igreja, entre a vida e os milagres do santo padroeiro.
“O teto tem oito quadros de cenas da vida do santo e, no centro, um medalhão que recria o milagre mais conhecido de Santo António, o momento em que Nossa Senhora lhe entrega nos seus braços o Menino Jesus”, explicou. Um milagre que deu origem à imagem mais conhecida do Santo António, com o Menino nos braços, e que pode ser visto mais ao pormenor do coro alto da igreja. Também dali se veem melhor as outras pinturas que recriam momentos da vida de Santo António.“Pela curiosidade destaco o quadro que apresenta o frade ainda agostinho, por isso ainda de hábito branco e o último a ser pintado por Carlos Bonvalot, que tem mesmo a assinatura, que representa um tirano que se ajoelhou perante o frade franciscano”, referiu.
Ana Cortez de Lobão, paroquiana de Santo António do Estoril, fez uma tese, em parceria com Vítor Serrão, especialista em arte barroca, onde, através da pesquisa do arquivo, foi descobrindo a beleza desta Igreja. “Muita coisa me surpreendeu. Pesquisar no arquivo faz-me viajar no tempo e percebi o que se foi passando aqui ao longo de séculos”, revelou.Já na nave central da Igreja, e olhando a toda a volta, podem ver-se “cerca de 30 cenas da vida e milagres de Santo António” ali apresentados em azulejos de tons azul. Muitos não estão descritos mas há um que é o mais conhecido e significativo. “O milagre de Santo António aos peixes requer a atenção, passou-se na cidade de Rimini, na Itália, numa cidade onde havia muitos hereges e onde o frade foi pregar aos peixes, vindo eles à tona da água para ouvirem o sermão”, explicou a historiadora.
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