Uma das caraterísticas das pessoas que se amam e passam uma vida juntas é que a certo momento se apercebem de que gostam das mesmas coisas, que ao longo da vida se foram tornando cada vez mais semelhantes. Podem até chegar ao ponto em que falam muito pouco, não porque não têm nada para dizer, mas porque já não são precisas muitas palavras para se dizer tudo pois estão intimamente sintonizadas. Na verdade, tornamo-nos naquilo que amamos.
No Evangelho de hoje vemos como um escriba se aproxima de Jesus para O interrogar acerca do mandamento mais importante. Qual é a coisa verdadeiramente essencial, à qual não podemos, de maneira nenhuma, falhar? Jesus responde que a única coisa verdadeiramente essencial, isto é, o primeiro de todos os mandamentos é amar a Deus com todo coração, com toda alma, com todo o entendimento e com todas as forças. Este mandamento torna-se visível na nossa vida concretizando-se num segundo mandamento que é o amor pelos irmãos. Não existe amor a Deus que não se manifeste como amor pelos irmãos.
Como é belo o nosso Deus que nos mostra o caminho para a salvação, isto é, para a nossa divinização, para sermos verdadeiramente filhos no Filho: amando tornamo-nos naquilo que amamos e o Senhor dá-nos como mandamento que O amemos a Ele sobre todas as coisas. Deus que nos pede, quase por favor: «Escuta, meu filho, ama-Me porque te Amo e amando-Me realizarás plenamente a tua vida». Ama e serás feliz!
Amar significa louvar, prestar reverência e servir. Louvar é o contrário de invejar, é alegrar-se pelo bem do outro; a reverência é perceber que a relação com Deus é essencial para a vida e não a querer perder; servir é a atitude de fundo daquele que ama: colocar-se à disposição do amado com tudo o que se é e tem. Assim viveu Jesus e assim nos desafia a vivermos.
Amar é o fim para o qual somos criados; é para amar e ser amados que viemos ao mundo. Este mandamento do amor mostra-nos também quem é o Senhor: é aquele que somos chamados a Amar porque Ele é Amor. Se amar é realmente o fim para o qual somos criados, o nosso pecado não é outra coisa que a falta de amor na nossa vida. Diz S. João que quem afirma amar a Deus, mas não ama o seu irmão é um mentiroso. Na verdade, o amor não está tanto nas palavras, mas antes nas obras. Por isso, amar a Deus sobre todas as coisas manifesta-se no amor pelos filhos do Deus que dizemos amar.
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