Hoje a Igreja celebra a solenidade de todos os Santos. Mas quem são, afinal, os santos? S. Paulo, nas suas cartas, escreve a comunidades cristãs concretas, a homens e mulheres que vivem nas primitivas comunidades cristãs. Pessoas normais, com as suas dificuldades, alegrias e tristezas, que, tal como todos nós, hoje, trabalhavam para se sustentar.
S. Paulo chama-lhes santos. Por exemplo: «A todos os santos que vivem na cidade de Filipos...» (Fil 1, 1). Ou então: «Aos santos e fiéis em Cristo Jesus que estão em Éfeso» (Ef 1, 1). Ou: «Aos irmãos em Cristo, santos e fiéis, que vivem em Colossos...» (Col 1, 2); Ou ainda: «A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos...» (Rm 1, 7). Os santos, para S. Paulo, são aqueles que seguem Jesus Cristo, são os discípulos do Senhor: os que já estão na Glória e os que ainda caminham sobre esta terra em direção ao Pai.
A festa que hoje celebramos é sobretudo a festa de todos nós, a festa de todos os que querem seguir o Senhor. É a festa dos cristãos! É a festa em que tomamos consciência de que Deus feito homem nos dá o grande dom da santidade. Esta não é fruto exclusivo do nosso esforço heroico, não é uma coisa reservada a um grupo restrito de homens e mulheres com qualidades muito especiais, mas é dom de Deus. Só Ele é santo! Ele é o Santo! Nós, todos nós, somos chamados a participar da santidade d’Ele. Ser santo é, enfim, ser de Deus. É saber que nas lutas e nos sofrimentos da vida de cada dia Deus está presente. É saber que Ele quer que sejamos felizes já sobre esta terra. Ele quer tanto a nossa felicidade que Se faz um de nós para nos salvar.
Fazendo-Se um de nós, mostrou-nos o caminho. O Evangelho de hoje é uma espécie de autobiografia de Jesus: mostra-nos como Ele viveu. Poderíamos, então, resumir esta passagem nestas palavras: «Sereis felizes se viverdes assim como Eu vivi». O texto das bem-aventuranças indica o caminho de cada homem e de cada mulher, aponta a meta para a qual todos queremos caminhar, a nossa realização e a realização da própria história que se cumpre em Jesus Cristo.
Mas cuidado para não pensar nas bem-aventuranças como mais um conjunto de regras para cumprir: antes de mais, estas revelam-nos quem é Jesus Cristo e quem é Deus Pai. Mostram-nos como é a vida nova, a vida no Espírito Santo; mostram-nos o que faz o Amor na nossa vida; mostram-nos ainda o significado da comunidade cristã que é chamada a ser manifestação de Cristo no mundo. Até o sentido da história é revelado nesta passagem: a realização das bem-aventuranças, quando Deus será tudo em todos.
São bem-aventurados os pobres, não porque são pobres, mas porque deles é o reino dos Céus. São bem-aventurados os verdadeiramente pobres em espírito porque percebem que têm de livremente tratar dos irmãos, daqueles que não têm nada. E quando são felizes os pobres? Será esta felicidade o prémio na vida depois da morte? Não! Felizes já! Felizes agora! Seremos felizes se tomarmos conta uns dos outros, que é o que fazem aqueles que sabem nada ter de seu. Seremos felizes se ajudarmos os que mais precisam. E Cristo não diz: «serão felizes», mas diz: «Felizes os pobres em Espírito, porque deles é o reino dos Céus». Hoje. Aqui e agora, já sobre esta terra e também na vida eterna.
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