domingo, 7 de abril de 2019

MEDITAÇÃO DIÁRIA Dom, 7 – Domingo V da Quaresma – Ano C

Is 43, 16-21 / Slm 125 (126), 1-6 / Fl 3, 8-14 / Jo 8, 1-11

O profeta Isaías, falando em nome de Deus, anima o povo de Israel, deportado e prisioneiro na Babilónia. Recorda ao povo as maravilhas que Deus realizou no passado para o libertar da escravidão no Egito e o fazer atravessar o deserto até chegar à Terra Prometida. Alguém comparou este olhar para o passado, como motivo de ânimo para seguir com confiança em direção à meta, aos ocupantes de um barco que remam de costas voltadas para a meta, ganhando assim coragem ao contemplar o caminho já feito.

Do futuro quase nada sabemos, a não ser que Deus continuará a ser fiel e que nunca nos abandonará, por mais dificuldades que apareçam. Ele será a nossa força, o seguro contra todos os riscos.

O relato do Evangelho, com Jesus frente à mulher adúltera, dá-nos um retrato da miséria humana capaz das maiores baixezas e, por outro lado, pinta-nos o quadro belíssimo da misericórdia divina. A misericórdia de Cristo, em confronto com a rigidez da lei que punia o adultério com a morte, pode parecer excessiva, inspiradora até de facilitismo: «Eu não te condeno». Assim garantiu ousadamente Jesus Cristo à escandalosa pecadora. Por isso, nos primeiros séculos, quando se fizeram transcrições dos Evangelhos, esta passagem foi retirada na grande maioria das cópias. Santo Agostinho explica este facto: «Alguns fiéis de pouca fé, ou melhor, inimigos da verdadeira fé, temiam provavelmente que o acolhimento do Senhor à pecadora desse carta de imunidade às suas mulheres».

Jesus faz-nos cair na conta de que o realismo sobre nós próprios deve gerar compreensão misericordiosa dos defeitos e pecados dos outros. É que não há ninguém que seja impecável. Por isso todos se afastaram, a começar pelos mais velhos, quando Cristo desafiou os que vinham preparados para apedrejar, legalmente, até à morte, a escandalosa adúltera: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra».

A misericórdia de Cristo venceu a miséria humana. E assim continua a acontecer hoje, sempre que humildemente nos arrependemos, sempre que nos abeiramos do sacramento da reconciliação. 

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