Gn 3, 9-15.20 / Slm 97 (98), 1-4 / Ef 1, 3-6.11-12 / Lc 1, 26-38
Festejamos hoje a Mãe de Deus, que veneramos como nossa Mãe, a melhor Mãe do mundo, toda amor e virtude, imaculada sem algum resquício de pecado. Como afirmou o Papa Francisco: «Maria é o único oásis sempre verde da humanidade, a única não contaminada, criada imaculada para acolher plenamente, com o seu sim, Deus que veio ao mundo e iniciar assim uma história nova».
O dogma da fé católica que define a verdade de que Nossa Senhora foi preservada, desde a sua conceção, de toda a mancha de pecado, foi proclamado pelo Papa Pio IX, já beatificado por S. João Paulo II, a 8 de dezembro de 1854. Contudo, é antiquíssima esta afirmação teológica, tendo o Papa Sisto IV, em 1477, posto a festa da Imaculada Conceição no calendário litúrgico.
No povo português, Maria tem sido sempre venerada como a Imaculada Conceição. O facto mais relevante que demonstra esta vivência da fé cristã é que o rei D. João IV, em 1646, coroou a imagem de Nossa Senhora da Conceição como rainha e padroeira de Portugal, em Vila Viçosa. Desde então os nossos reis deixaram de usar a coroa real, ressaltando assim ser Nossa Senhora a rainha de Portugal. Mas este título de grandeza não afasta Maria da nossa pequenez, pois sendo rainha é, ao mesmo tempo, nossa mãe.
A primeira leitura, do livro do Génesis, relata-nos uma história cheia de simbolismo. O homem e a mulher pretendem substituir a Deus, desobedecendo-Lhe, comendo do fruto que não lhes era permitido, envenenado de orgulho e ambição, não aceitando a sua condição humana e, por isso, se sentiram nus, com vergonha e medo. A serpente tentadora é a imagem da nossa insensatez e autossuficiência que nos seduz a gerir a liberdade sem amor, voltando as costas a Deus. Mas esta história termina na esperança, pois Deus nunca desiste de nos amar. Assim, a serpente será vencida pela mulher que lhe esmagará a sua astúcia e o seu poder. Em Maria, a nova Eva, fiel e obediente ao que Deus lhe pede, se refaz a história da salvação. Todos temos uma imensa dívida de gratidão a Nossa Senhora.
S. Paulo, no início da sua carta aos cristãos de Éfeso, apresenta-nos um hino de glória e gratidão ao «Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto dos Céus nos abençoou com toda a espécie de bens espirituais em Cristo». E Jesus, salvador de todos os filhos de Adão e Eva, de toda a humanidade, veio-nos por Maria, que é o sinal mais claro da vitória de Deus sobre o mal. A serpente do mal foi sempre derrotada em Maria, que na totalidade da sua existência, incluindo a sua conceção, foi amorosamente fiel ao Senhor. A vitória plena de Nossa Senhora sobre o pecado é também a nossa glória, já que, por graça divina, somos seus filhos.
O Evangelho relata-nos um momento crucial da história da humanidade: Deus assume a maravilhosa aventura de Se fazer pessoa humana, um como nós, na máxima simplicidade. A cena não se passa em Jerusalém ou noutro lugar importante. O anjo Gabriel, enviado por Deus, vai a uma aldeia desconhecida, Nazaré, encontrar uma jovem, chamada Maria, noiva do carpinteiro José. «De Nazaré poderá vir alguma coisa boa?», observa Natanael, troçando de um lugarejo perdido no interior profundo de Israel, nunca nomeado no Antigo Testamento.
Maria, humilde serva, é agraciada com algo que ultrapassa a inteligência e a imaginação humanas: uma criatura vem a ser mãe do Criador; Deus infinito nasce de uma simples mulher virgem. Milagre de amor que só Deus omnipotente pode realizar. E Maria disse sim: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra». Celebremos a nossa imensa gratidão a Maria, Imaculada Conceição.
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