A conversão é sempre uma
coisa que leva tempo. O homem precisa de tempo, e Deus também quer precisar de
tempo connosco. Partiríamos de uma imagem de homem absolutamente errada se
pensássemos que as coisas importantes da vida humana podem realizar-se
imediatamente e de uma vez para sempre. O homem está feito de tal maneira que
precisa de tempo para crescer, amadurecer e pôr em ação todas as suas
capacidades. Deus sabe-o melhor do que nós. E, por isso, espera, não desiste. É
indulgente, longânime. Espera-nos como um pescador paciente, como escrevia um
poeta. «A bondade de Deus convida-te à conversão», escreve Paulo. Não a ira, mas
antes o seu afeto, bondade, paciência. Não é senão mais tarde, após a morte, que
vamos poder viver fora do tempo e para sempre. Hoje, o tempo é-nos dado para
conhecer a Deus cada vez melhor. É sempre tempo de conversão e de graça, dom da
sua misericórdia.
A maldade das «boas pessoas»
Se toda a gente achar que nós somos «muito boas pessoas»,
decididamente algo deve estar mal na nossa vida. Provavelmente, se isso
acontece, é porque o nosso comportamento se apresenta mais moldado aos
preconceitos que nos rodeiam, do que propriamente aos mandamentos que Jesus nos
deu. Se formos cristãos a sério, somos sempre um pouco escandalosos. Façamos,
pois, da nossa vida um escândalo. Mas atenção: um escândalo de bondade, um
escândalo de amor, um escândalo de fé. Não estou a pensar em escândalos
vanguardistas, ou de vestuário: esses constituem um modo de tudo continuar na
mesma de uma maneira diferente. Eu refiro-me, sim, àqueles comportamentos
estranhos que levam os outros a pensarem que nós somos «parvos».
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