Na tarde desta quinta-feira Santa o Papa Francisco celebrou a eucaristia no estabelecimento prisional Regina Coeli, em Roma. Leia, na íntegra, a sua homilia.
Jesus termina o seu discurso dizendo: «Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também» (Jo 13, 15). Lavar os pés. Naquela época, os pés eram lavados por escravos: era uma tarefa da escravatura. As pessoas percorriam as estradas, não havia asfalto, não havia paralelepípedos; naquela época havia o pó da estrada e as pessoas sujavam os pés. Na entrada da casa havia escravos que lavavam os pés. Era um trabalho escravo. Mas era um serviço: um serviço feito por escravos. E Jesus queria fazer esse serviço, para nos dar um exemplo de como devemos servir-nos uns aos outros.
Certa vez, quando estavam a caminho, dois dos discípulos que queriam fazer carreira pediram a Jesus que permitisse que eles ocupassem lugares importantes, um à direita e outro à esquerda (cf. Mc 10,35-45). E Jesus olhou para eles com amor - Jesus sempre olhou com amor - e disse: «Vocês sabem o que estão a pedir?» (v. 38). Os líderes das Nações - diz Jesus - comandam, deixam-se ser servidos e vivem bem (ver v. 42). Pensemos naquela época de reis, dos imperadores cruéis que se faziam servir pelos escravos ... Mas entre vós- diz Jesus - não deve ser assim: aqueles que manda deve servir. O líder deve ser o servo (veja v. 43). Jesus anula o hábito cultural e histórico daquela época - até mesmo o de hoje - aquele que comanda, para ser um bom líder, onde quer que esteja, deve servir. Eu penso tantas vezes - não neste momento porque ainda estamos todos vivos s temos a possibilidade de mudar de e não podemos julgar, mas pensemos na história - se tantos reis, imperadores, chefes de estado entenderam este ensinamento de Jesus e em vez de mandar, ser cruel, matar as pessoas tivessem feito isto, quantas guerras não teriam sido evitadas! Serviço: na verdade existem pessoas que não facilitam esta atitude, pessoas soberbas, pessoas odiosas, pessoas que talvez nos desejem mal; mas somos chamados a servi-los mais. E há também pessoas que sofrem, que são descartadas pela sociedade, pelo menos por determinado tempo, e Jesus vai lá para lhes dizer: Tu és importante para mim. Jesus vem para nos servir, e o sinal de que Jesus serve aqui hoje, na prisão de Regina Coeli, é que ele quer escolher 12 de vós, como os 12 apóstolos, para lavar os pés. Jesus arrisca com cada um de nós. Sabei disto: Jesus chama-se Jesus, não se chama Pôncio Pilatos. Jesus não vai lavar as próprias mãos: ele só sabe arriscar! Vejamos esta imagem tão bonita: Jesus marcado pelos espinhos, arriscando ferir-se para recuperar a ovelha perdida.
Hoje eu, que sou pecador como vós, mas representando Jesus, sou um embaixador de Jesus. Hoje, quando me curvar diante de cada um de vós, pensai: "Jesus arrisca neste homem, um pecador, para vir a mim e dizer que me ama”. Isto é o serviço, assim é Jesus; Não os abandona nunca; nunca se cansa de nos perdoar. Ele ama-nos muito. Vede como arrisca, Jesus!
E assim, com estes sentimentos, vamos continuar com esta cerimónia a que é simbólica. Antes de nos dar o seu corpo e o seu sangue, Jesus arrisca-se por cada um de nós, e arrisca no serviço porque no nos ama tanto.
Tradução Educris a partir do original em italiano
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